Distrito Federal

periferia no centro

Família Hip Hop celebra 25 anos de resistência cultural, educação popular e promoção de direitos humanos em Santa Maria

Aniversário será comemorado neste sábado (29), no Espaço Moinho de Vento; saiba mais sobre a trajetória do grupo

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Espaço Moinho de Vento é sede física da Família Hip-Hop em Santa Maria (DF) - Foto: Reprodução/Facebook

25 anos de cultura, educação popular e promoção de direitos humanos – é o que representa para a população de Santa Maria, região administrativa do Distrito Federal, o coletivo Família Hip Hop. A trajetória do grupo, que começou em 1999, será celebrada com muita música, dança e debate, neste sábado (29), a partir das 9h, no Espaço Moinho de Vento. A entrada é gratuita. 

Das 9h às 12h, haverá uma roda de conversa sobre o tema “A cidade é nossa: a cultura que Santa Maria tem”, com a participação de artistas e agentes culturais locais. Em seguida, às 14h, começa o momento de celebração, com muita música e dança. Até o momento, estão confirmados para o Flashback de comemoração dos 25 anos de existência da Família Hip-Hop os DJs Freeway, Alexandre Lee e Marquinhos. 

Segundo o grupo, o momento também será de diálogo sobre os desafios que é fazer cultura em Santa Maria. “Venha comemorar com a gente essa história de luta, resistência e de muito aprendizado”, convida o grupo.

25 anos de resistência cultural 

O Núcleo de Formação Popular Família Hip Hop surgiu em 1999, com o objetivo de promover ações socioeducativas, culturais e ambientais para a população de Santa Maria, especialmente para a juventude negra.

Desde então, o grupo participa do desenvolvimento comunitário e empoderamento popular, por meio de projetos de geração de renda, formação cidadã, realização de ações e eventos culturais, promoção da participação e do controle social para garantia dos direitos humanos.


Espaço Moinho de Vento abriga oficinas de música, dança e muito mais, ofertadas pelo coletivo Família Hip Hop / Bianca Feifel/Brasil de Fato DF

Em 2007, o coletivo tornou-se oficialmente uma organização não governamental (ONG) e, em 2011, ocupou sua atual sede física, o Espaço Moinho de Vento, localizado na Entrequadra (EQ) 304/307, conjunto C, lote 01. 

O local foi batizado com o nome de um movimento do Breakdance, um dos elementos da cultura Hip Hop. Mas as ações do grupo vão muito além das paredes do espaço, chegando, inclusive, a escolas públicas e ao sistema socioeducativo do DF.

A Família Hip Hop atua a partir de quatro eixos principais: direito à cidade (cultura, cidadania e mobilidade), educação popular, economia solidária e controle social. Esses princípios estruturam as ações realizadas pelo grupo. 

Família Hip Hop 25 anos: celebração do coletivo que traduz Santa Maria e atravessa as periferias do Distrito Federal

O coletivo já promoveu, por exemplo, o projeto “Pedala Moinho”, um sistema de empréstimo de bicicletas para os moradores da região, contribuindo para a mobilidade urbana e consciência ambiental da juventude periférica. Na perspectiva da economia solidária, o grupo também criou uma horta comunitária durante a pandemia do coronavírus, gerida por moradores, e que se mantém na ativa até hoje. Além disso, a Família Hip Hop também promove feiras para venda desses e demais produtos. 


Projeto Pedala Moinho / Foto: Reprodução/Instagram

“A gente busca também que a Família seja independente, não fique dependente apenas de editais de governo”, afirma Luana Gomes, que integra a assessoria cultural do coletivo. “Então, se a gente não tem recurso do governo, de editais, conseguimos recurso através de camisetas, bottons, canecas que confeccionamos por meio da sublimação e vendemos nas feiras”, conta. 

Desde 1999, a Família Hip Hop mantém acesa a chama da cultura em Santa Maria. Além de ensaios coletivos de Rap, saraus de poesia, e apresentações musicais e teatrais, o grupo promove oficinas de dança, como Breakdance, graffiti, teatro, violão, serigrafia e sublimação. 

Educação popular e formação política

A formação política é outro forte eixo de atuação do grupo, contribuindo com a construção coletiva de compreensões e soluções políticas. “A nossa formação política surgiu dessa ideia de debater as dificuldades da quebrada”, conta Alex Martins, um dos fundadores da Família Hip Hop. 

“E deu bom, né? Porque tem muita gente que passou pela Escola [de Formação] e hoje são assistentes sociais, professores, psicólogos, estão em diversas áreas e hoje falam: ‘A Escola foi muito importante para mim'”, avalia Martins. 


Escola de Formação do Hip Hop foi retomada neste ano / Foto: José Bernardo/Família Hip Hop

A Escola de Formação do Hip Hop foi retomada este ano, com apoio do Instituto Oficina do Esporte e da Fundação Palmares. Segundo o grupo, o objetivo é formar jovens periféricos para atuarem politicamente e culturalmente em Santa Maria.

“Acreditamos que a educação popular é importante, pois nela reconhecemos que, através das nossas condições de vida, conseguimos atuar a partir da nossa realidade e vivência, promovendo e organizando as redes de apoio social sendo os pilares fundamentais e essenciais para nós Família Hip Hop e para território periférico”, afirma o coletivo. 

Os conteúdos da escola de formação estão sendo apresentados em oito módulos, uma vez ao mês, durante todo o dia, gratuitamente e com oferecimento de almoço e lanche. Até o momento, já foram realizadas cinco aulas, com temas relacionados à educação popular, juventude periférica, gênero e combate ao racismo. É possível acompanhar a página da Família Hip Hop para ter mais informações sobre os próximos encontros. 


"Aqui é minha raiz", diz Luana Gomes (à direita) sobre coletivo Família Hip Hop / Foto: José Bernardo/Família Hip Hop

“Aqui é onde eu me sinto acolhida mesmo, é a minha raiz”, confessa Luana Gomes sobre a importância do grupo para ela. “Eu posso ir para qualquer lugar do mundo, mas, se eu quiser, eu tenho para onde voltar. O coletivo me acolhe e é um local que eu tenho abertura para fazer o que eu quiser em relação à política. Se eu quiser trabalhar formações sobre questões raciais, que é uma pauta que eu gosto e que eu estou estudando, eu posso. Até porque 70% da periferia é formada por pessoas pretas. Eu acho isso muito importante”, completa. 

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Edição: Rafaela Ferreira