Distrito Federal

Orgulho LGBTQIA+

Parada de Taguatinga destaca histórias, conquistas e lutas pela diversidade

Segunda maior parada do DF contou com participação de famílias e shows de Karol Conka e Lia Clark

Brasil de Fato | Brasília |
Concentração do evento foi na Avenida das Palmeiras (Taguatinga) - Foto: Valmir Araújo/Brasil de Fato DF

Com uma mensagem de orgulho, resistência e celebração cerca de 30 mil pessoas se reuniram neste domingo (15) para a realização da 17ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal. O evento contou com muita música e discursos e ações em defesa dos direitos da população LGBTQIA+ no Distrito Federal.

A Avenida das Palmeiras ficou cheia de casais, grupos de amigos e famílias com crianças, como foi o caso da professora Fátima Drumont, que estava acompanhada da sua filha adolescente e netos. “A minha filha é lésbica e toda nossa família tem muito orgulho dela e somos a favor de uma Brasília que respeita as diferenças das pessoas e por isso eu vim e ainda trouxe meus netos, porque esse espaço é para todos”, destacou Fátima.

Para a representante do ‘Mães pela Diversidade’ no DF, Mônica Monteiro, é importante essa participação dos familiares das pessoas LGBTQIA+ em eventos como a Parada do Orgulho, pois segundo ela é um “ato de resistência”. Mônica é professora, musicista, produtora cultural, mãe de quatro filhas, sendo duas mais lésbicas e um não binário.

De acordo com Michel Platini, um dos organizadores do Parada do Orgulho de Taguatinga, a participação de famílias é crescente nos eventos, apesar de grupos conservadores proporem a proibição de crianças no evento. “Eles estão propondo proibir a participação de crianças, mas nós fizemos um espaço infantil, com pula pula e algodão doce, porque muitos casais trazem seus filhos, porque esse é um espaço para todos”, disse Platini, lembrando da participação de igrejas, inclusive evangélicas no evento. Personalidades como a drag queen Ruth Venceremos e a influenciadora Irmã Mônica também participaram da Parada.


Mônica Monteiro do Mães pela Diversidade no DF / Foto: Valmir Araújo/Brasil de Fato DF

História, Luta e Conquistas

O tema da 17ª Parada do Orgulho de Taguatinga foi 'Nossa parada vem de longe. História, Luta e Conquistas', com uma celebração dos 30 anos do Grupo Estruturação - pioneiro na luta pelos direitos da população LGBTQIA+ no Distrito Federal. “A gente precisa olhar para o nosso passado e também para os debates da atualidade”, resumiu Platini, destacando a interlocução que a organização conseguiu com parlamentares e com a Secretaria de Saúde do DF, que esteve presente com ações de conscientização e prevenção.

Um dos fundadores da parada da 1ª Parada de Taguatinga, Elker Barros, lembrou da dificuldade de iniciar o evento, contrariando os poderes públicos e alguns moradores da região. “Hoje a parada de Taguatinga é uma realidade e temos muito orgulho de fazer parte dessa história”, destacou Elker, que atualmente mora em Valparaíso de Goiás e também atua na provocação da Parada do Orgulho de Valparaíso.

Para representar Associação Lésbica Feminista Coturno de Vênus falou a ativista Joelma Cesário, destacando o papel das mulheres na luta contra a descriminação no Brasil e no DF. A ativista destacou as demandas da população lésbica do Distrito Federal e enfatizou as ações do Coturno de Vênus pela visibilidade lésbica, com a realização de encontros e discussões.

Casamento homoafetivo

A deputada federal Érika Kokay (PT) e também o deputado distrital Fábio Félix (Psol) apoiaram a realização da 17ª Parada do Orgulho de Taguatinga e participaram do evento. Érika destacou importância do evento para comemoração e também para chamar atenção para a importância dos direitos da população LGBTQIA+. “O Projeto de Lei que institui a união homoafetiva e que foi reprovado na Comissão da Previdência será votado e aprovado na Comissão de Direitos Humanos [de maioria progressista] ainda esse ano e depois vai para o plenário”, destacou a deputada ao falar da tramitação desse importante projeto na Câmara Federal.

“Nós conseguimos a criminalização da LGBTfobia no Supremo Tribunal Federal, mas nós temos uma dificuldade enorme de representação política nos espaços de poder e hoje temos uma dificuldade enorme de aprovar qualquer projeto de lei que esteja relacionado com a nossa dignidade”, afirmou Fábio Félix, que é um homem gay e foi o deputado distrital mais votado da história do DF em 2022.


Deputada Erika Kokay e deputado Fábio Félix na Parada de Taguatinga / Foto: Valmir Araújo/Brasil de Fato DF

Celebração

A concentração para 17ª Parada do Orgulho de Taguatinga teve início as 13 horas na Avenida das Palmeiras, no centro da região administrativa, com muita música e apresentações de DJs. Por volta das 16 horas iniciaram os discursos políticos de representantes de coletivos, movimentos sociais e parlamentares, que apoiam a causa LGBTQIA+.

O trio saiu por volta das 18 horas e seguiu na Avenida das Palmeiras rumo ao Pistão Norte, onde fez um grande percurso e depois voltou para o centro de Taguatinga.

A Parada de Taguatinga contou com dois shows de artistas identificados com o público LGBTQIA+ e de reconhecimento nacional – a drag queen Lia Clark, que foi a primeira a subir no trio e animar o público com suas músicas e depois a cantora Karol Conka. “Eu estou aqui para apresentar para vocês a minha arte. O meu amor e respeito, por esse lugar, por esse público que me acolhe há muito tempo”, destacou Karol durante sua apresentação em Taguatinga.

O casal de namorados Anderson Luz a Miguel Coelho participou pela primeira vez da Parada do Orgulho de Taguatinga. “É a primeira vez aqui e a primeira vez que eu consigo ir num show da Karol, que é uma artista que eu acompanho e que trouxe essa mensagem de respeito que é algo que a gente precisa”,  destacou Anderson.

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Edição: Márcia Silva