Estudantes universitários e secundaristas protestaram em frente ao Ministério da Educação (MEC), em Brasília, na tarde desta quarta-feira (11), data em que se celebra o Dia do Estudante no país. Eles exibiram cartazes e faixas com mensagem de solidariedade às famílias vitimadas pela pandemia de covid-19 e fizeram cobranças sobre a atuação do governo federal.
Pintar a educação de povo: estudantes continuam nas ruas contra os retrocessos
"Se a gente ainda não retornou para aulas seguras, é porque o governo federal não quis. Ele negociou vacina em troca de propina", disse Arthur Nogueira, vice-presidente regional da União Nacional dos Estudantes (UNE).
O ato de hoje teve como mote a defesa da vida, vacina no braço, comida no prato e educação pública, gratuita e de qualidade. Após o ato em frente ao MEC, o grupo de estudantes foi até a Rodoviária do Plano Piloto, zona central da capital, para a continuidade da atividade de agitação.
"Hoje a gente marcha pelo fim dos cortes na educação promovidos pelo governo Bolsonaro", observou a estudante Madu Krasny, do Coletivo Afronte.
Os cortes orçamentários no MEC ameaçam até mesmo o funcionamento das universidades federais, que podem fechar as portas antes do fim do ano. A falta de verbas também afeta as políticas de assistência estudantil, voltada aos alunos mais vulneráveis socialmente.
O ato ocorreu um dia depois de uma declaração polêmica do ministro da Educação, Milton Ribeiro. Segundo ele, o acesso a universidade deveria "ser para poucos" no Brasil. “Tem muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”, afirmou durante entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil.
Ribeiro também fez uma declaração sobre a lei de cotas que gerou revolta entre estudantes. “Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados”, afirmou.
Diretor da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Marcelo Acácio rebateu a fala do ministro. "Nós defendemos a universidade para todos, incluindo os trabalhadores e trabalhadoras que desejam ser cientistas, pesquisadores e queiram construir um Brasil melhor".
7 de setembro
O ato de hoje, que também correu em outras cidades do país, antecede as grandes manifestações que estão sendo organizadas para o dia 7 de setembro. Na data que marca o Dia da Independência, será realizada a 27ª edição do Grito das Excluídas e dos Excluídos.
Edição: Flávia Quirino