Avançar no diálogo com a classe trabalhadora e na luta por um país que seja digno de seu povo
Já dizia Florestan Fernandes “ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo.” Estudante é ser político com potencial revolucionário e no Brasil, são protagonistas de muitas lutas históricas em defesa da educação e do povo brasileiro.
O dia da Estudante e do Estudante deve ser celebrado!
Não é possível falar de estudante, enquanto sujeito coletivo, sem pensar no Movimento Estudantil, que é justamente o encontro e a organização da juventude nas escolas, nos institutos federais e nas universidades. Como marco dessa construção, temos a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE) no dia 11 de agosto de 1937, impulsionada pela luta contra o fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. A partir daí, já se pode compreender o papel histórico que cumpre a entidade.
A UNE, entidade máxima de representação dos estudantes de ensino superior, desde a sua criação, sempre foi protagonista das lutas por direitos no país, não é à toa que quando instaurado o Golpe Militar de 1964, a primeira ação do novo governo foi incendiar a sua sede na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Ainda nos anos 1950, esteve à frente da Campanha “O Petróleo é nosso!” e, após o Golpe, na luta contra a ditadura, mesmo quando posta na ilegalidade.
No período mais recente, lutamos pelo 10% do PIB para a educação, pela implementação da política de cotas e também contra a EC 95, a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos.
Em tempos de desgoverno Bolsonaro, a atuação do Movimento Estudantil não poderia ser diferente. Desde o início nos colocamos como linha de frente contra o presidente genocida, que hoje é o inimigo número um da educação brasileira. Em 2019, fomos milhares nas ruas de todos os estados do Brasil nos Tsunamis da Educação, nos colocamos contra os cortes, as intervenções nas universidades e institutos federais e a perseguição ideológica contra o Movimento Estudantil.
Do último ano para cá, com o aparecimento da covid-19, o aprofundamento da crise econômica devido à crise sanitária contribuiu para o aumento das desigualdades sociais em escala mundial, acompanhado do crescimento de ideias conservadoras e de extrema direita em muitos países, de forma que os nossos desafios só aumentam.
Contudo, os estudantes se mantiveram firmes na luta em defesa do povo brasileiro e por Fora Bolsonaro, como pudemos ver no 29M, 13J, 3J, 24J e agora veremos novamente nesse dia 11 de agosto, em todo o país e também no Distrito Federal.
Importante colocar também que esse Dia do Estudante tem um significado ainda mais especial, pois 2021 é o ano do Centenário de Paulo Freire, nosso Patrono da Educação. Foi por meio de seus ensinamentos de educação popular que conseguimos avançar e continuaremos avançando no diálogo com a classe trabalhadora e na luta por um país que seja digno de seu povo. Paulo Freire é exemplo de solidariedade e amor.
E será com muita solidariedade, amor e luta, que nós, estudantes, continuaremos nas ruas lutando contra todos os retrocessos e ocupando e pintando de povo as escolas, institutos federais e universidades.
“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu? Aqui está presente o movimento estudantil!”
* Adda Luisa de Melo Souza é estudante de Direito pela UnB, militante do Levante Popular da Juventude e Coordenação Geral do DCE Honestino Guimarães da UnB.
** Cintia Lorena da Silva Isla é estudante de Engenharia Florestal na UnB e Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude.
*** O Levante Popular da Juventude é uma organização de jovens militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação estrutural da sociedade brasileira.
**** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato DF.
Edição: Flávia Quirino