Distrito Federal

Superfaturamento

Operação investiga superfaturamento de UTIs no Iges-DF

Promotores e policiais cumpriram 61 mandados de busca e apreensão

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ex-secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, é alvo de investigação - Renato Alves/Agência Brasília

Integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em conjunto com a 3ª e a 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prossus), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), deflagraram na manhã desta quarta-feira (18) a Operação Ethon, que apura irregularidades na contratação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pelo Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). 

Foram cumpridos, no total 61 mandados de busca e apreensão, tanto no DF quanto em outros cinco estados:  Amazonas, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. 

O ex-secretário de Saúde, Francisco Araújo, é um dos alvos. No ano passado, ele chegou a ser preso, junto com outros gestores da pasta, em outra investigação do MPDFT, a Operação Falso Negativo, que apura irregularidades na aquisição de testes para detecção da covid-19. 

Na operação desta quarta, o MPDFT teria descoberto um esquema instalado no Iges-DF que resultou no desvio de milhões de reais em dois contratos destinados ao fornecimento emergencial de leitos de UTIs, entre o período de março a outubro de 2020.

"As empresas contratadas foram a DOMED, responsável por 50 leitos no Hospital Regional de Santa Maria e a Organização Aparecidense de Terapia Intensiva – OATI, que forneceu 20 leitos no Hospital de Base e outros 10 na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião", informou o MPDFT, em nota.

Segundo o órgão, além do superfaturamento de preços ofertados pelas empresas que participaram da seleção e do direcionamento das contratações em favor das empresas DOMED e OATI, as investigações também apontam que as empresas não forneceram insumos, medicamentos e mão de obra em quantidade e qualidade exigidos. Por causa disso, de acordo com os promotores, "as ilegalidades praticadas tiveram como consequência a ocorrência de altíssimas taxas de mortalidade nos leitos de UTIs de alguns hospitais administrados pelas empresas".

O nome da operação faz alusão a Ethon que, segundo a mitologia grega, era o abutre enviado por Zeus diariamente ao monte Cáucaso para devorar o fígado de Prometeu. O fígado de Prometeu se reconstituía completamente para, no dia seguinte, voltar a ser devorado por Ethon.

Edição: Flávia Quirino