O mês de julho registrou o maior número de queimadas no Distrito Federal desde o início do ano. Foram 116 ocorrências no total, que comprometeram uma área de 476,5 hectares. O levantamento foi feito pelo Programa de Monitoramento de Áreas Queimadas nos Parques e Unidades de Conservação (Promaq), do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
O número de ocorrências no mês passado foi maior do que a média histórica para o mesmo período, que gira em torno de 80 ocorrências, e mais do que o dobro dos registros do mês de junho (57).
No ano de 2020, a área total queimada foi de 1.848 hectares, representando uma redução de 50% dos incêndios florestais nas unidades de conservação, em relação ao ano anterior.
Responsável pelo monitoramento de incêndios florestais nas unidades de conservação do DF, o Ibram desenvolve ações preventivas, como a realização de aceiros, queima prescrita e cursos. Os aceiros são faixas de terra abertas próximas à cerca que impede a propagação das chamas em casos de incêndio. Os aceiros podem ser ser do tipo negro, quando envolve uma queima controlada, e do tipo mecânico, feito com máquinas ou ferramentas. No DF, o aceiro negro só pode ser feito com autorização prévia do Ibram.
Combatendo as chamas
Proprietário de uma chácara o Núcleo Rural do Gatumé, em Samambaia, o agricultor Clair José Cordeiro e sua família lidam há anos com os problemas dos incêndios florestais na região. A chácara faz fronteira com o Refúgio Silvestre do Gatumé, um dos mais de 80 parques do DF. Somente este ano, a reserva ecológica do Gatumé registrou 10 ocorrências de queimada, que destruíram uma área de cerca de 33 hectares.
"Todo ano passamos sufoco nessa época. Temos uma área preservada, de floresta nativa, que não queremos que queime. Além disso, temos um apiário, onde produzimos mel, e a floração é essencial para a sobrevivência das abelhas. Os incêndios comprometem esse equilíbrio", afirma Clair.
O agricultor conta que no período da seca, a chácara nunca pode ficar sem ninguém. "Vivemos praticamente de plantão permanente, porque se tiver incêndio temos que acionar os bombeiros". Nos últimos anos, Clair Cordeiro chegou a viver momentos de terror com as chamas invadindo sua propriedade durante a madrugada. Na maioria dos casos, segundo ele, são queimadas criminosas. Uma das estratégias de Clair na prevenção do alastramento do fogo é justamente a preparação de aceiros ao longo das cercas da propriedade.
Ele reclama também de uma melhor fiscalização do poder público na região. "O Estado tem que ter mais prevenção, aumentar fiscalização, um monitoramento mais permanente do parque. As queimadas afetam as nascentes de água que temos no Gatumé, um risco grande para o meio ambiente".
Orientações do Ibram
No DF, as autoridades pedem que quem detectar um foco de incêndio pode entrar em contato direto com o Corpo de Bombeiros, pelo número 193. Se houver certeza de que o fogo ocorre em uma unidade de conservação, o Ibram também deve ser informado, por meio do telefone (61) 99224-7202, que funciona 24 horas.
O Ibram coordena o trabalho de 150 brigadistas florestais que atuam nas unidades de conservação, que incluem os parques ecológicos e distritais, frequentados pela população como opção de lazer, e unidades de uso restrito, que servem como reserva ecológica, por exemplo. Segundo o órgão, a Brigada Florestal está distribuída em 16 locais, sendo dez bases e seis postos avançados. As bases contam com cinco ou seis profissionais por dia e estão localizadas na sede do Instituto Brasília Ambiental, Estação Ecológica Águas Emendadas (Esecae), Parque Distrital do Gama, parques ecológicos Águas Claras, Veredinha (Brazlândia), Cortado (Taguatinga), Riacho Fundo, Ezechias Heringer (Guará), Lago Norte e Paranoá.
Edição: Márcia Silva