A Praça dos Orixás, às margens do Lago Paranoá, em Brasília, foi alvo de depredação, nesta quinta-feira (26). A imagem do orixá Ogum, uma divindade do candomblé, apareceu incendiada e destruída. A Polícia Civil investiga o caso.
"Trata-se de um crime de ódio e de racismo religioso. A gente não pode permitir que isso aconteça", afirma a mãe de santo Adna Santos, mais conhecida como Mãe Baiana de Oyá.
A imagem, que ficava originalmente sobre um pedestal de concreto, foi encontrada no chão, completamente carbonizada (veja na foto). A cabeça da entidade havia sido arrancada e colocada no galho de uma árvore. "Eles brutalizaram a imagem completamente", relata a mãe de santo.
Esta é a segunda imagem destruída no local, também conhecido como "prainha", em apenas seis anos. Em 2015, a escultura de Oxalá, entidade máxima do Candomblé, também foi queimada.
A praça também já foi atacada por vândalos em 2006, quando teve quatro estátuas de orixás arrancadas de seus pedestais. Em 2009, a área foi restaurada e reaberta ao público, exibindo todas as 16 estátuas de orixás, de cerca de 1,5 m de altura cada uma, de autoria do artista plástico baiano Tatti Moreno. As peças são confeccionadas com fibra de vidro, sendo altamente inflamáveis.
Mãe Baiana de Oyá, que é coordenadora de Política de Promoção e Proteção de Liberdade Religiosa da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial do DF, denunciou o caso na Delegacia Especializada em Crimes de Intolerância Religiosa (Decrin).
O crime também mobilizou entidades de defesa das religiões de matriz africana no DF, como o Foafro. Na manhã desta sexta-feira (27), foi realizado um ato na Praça dos Orixás. Eles pedem que o Governo do Distrito Federal (GDF) cuide melhor do espaço, um patrimônio da cidade e um lugar sagrado para as pessoas de religião de matriz africana.
"Lá é o lugar da gente botar as nossas oferendas, um lugar sagrado para a nossa religiosidade. Queremos a revitalização da prainha", disse Mãe Baiana. Segundo ela, foi pedida uma reunião com o governador Ibaneis Rocha para tratar do assunto. Ela conta que a Praça dos Orixás está com partes de calçadas arrancadas e com buracos espalhados, o que torna o lugar um ambiente de risco para circulação de pessoas, que podem sofrer acidentes.
Edição: Flávia Quirino