A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) considera a variante Delta, mutação do vírus da covid-19 surgida na Índia, como a cepa predominante na capital do país atualmente. Por causa disso, até mesmo os dados mais específicos notificados dessa variante, que vinham sendo atualizados semanalmente pela pasta em coletivas de imprensa, passaram a ser considerados no registro geral de todas as cepas.
"Como já informado nas últimas coletivas, a variante Delta já é considerada como a predominante no DF e de circulação comunitária, portanto os dados não são mais repassados de forma individualizada, o banco de informações passa a ser o mesmo de todos os outros casos e outras cepas", informou a Secretaria ao Brasil de Fato.
Na última atualização, foram reportados um total de 387 casos da Delta no DF, mas o número certamente está subestimado por causa da circulação comunitária.
Muito mais transmissível que as outras cepas do vírus Sars-Cov-2, a Delta, embora não seja capaz de resistir à vacinação, pode aumentar o número de contaminações enquanto a maior parte da população não recebe a imunização completa.
"A principal da Delta em relação às outras cepas é que ela é altamente transmissível e tem uma carga viral muito alta na nasofaringe das pessoas e, com isso, facilita a transmissão, sobretudo em ambientes não ventilados, em ambientes fechados", afirma o médico infectologista Julival Ribeiro, doutor em doenças tropicais pela Universidade de Brasília (UnB) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Sintomas
Em relação aos sintomas, em geral eles são coincidentes entre as diferentes cepas, diz o infectologista, podendo varia ligeiramente nos casos da variante Delta. "Os principais sintomas desde quando surgiu a covid-19 são febre, tosse, perda do olfato e do paladar, cefaleia, às vezes mialgia [dor muscular]. O que está se observando da variante Delta é que as pessoas têm menos tosse e também não vê, tanto quanto se via nas outras variantes, em relação o problema do olfato e do paladar", aponta.
Ribeiro enfatiza a necessidade da população se vacinar e, mesmo no caso das pessoas totalmente vacinadas, é imprescindível manter os cuidados para evitar o aumento das transmissões.
"O cuidado mais importante para a prevenção de se adquirir covid é todos tomarem a dose única ou as duas doses de vacina e manterem as medidas preventivas, ou seja, continuar usando máscara cobrindo nariz e boca para os vacinados e não vacinados, manter distanciamento social, evitar locais fechados e fazer a higienização constante das mãos".
O médico lembra ainda que não há medicamento capaz de prevenir ou curar a covid-19. "Não temos nenhum antiviral nem para prevenir, nem para tratar. Temos determinados medicamentos que você pode utilizar em determinados casos, sejam graves ou não, como corticoides, ou anticorpos monoclonais, quando indicado. Mas um antiviral específico para prevenir e tratar a covid, infelizmente, o mundo ainda não descobriu".
Covid-19
Segundo informações da SES-DF, a taxa de transmissão da covid-19 no DF estava, no início dessa semana, em 1,04, o que significa que 100 pessoas transmitem para outras 104, indicando uma situação de expansão das contaminações. Na medição mais recente, atualizada nesta quarta-feira (22), a taxa de transmissão baixou para 0,93. A pandemia só pode ser considerada controlada quando esse índice fica abaixo de 1 ao longo de pelos menos algumas semanas seguidas, de forma estável.
Até às 17h desta quarta (22), o DF contabilizava 488.141 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia, com 10.323 óbitos. Nas últimas 24h, foram notificadas 12 novas mortes. A média móvel de novas infecções está em cerca de 702 por dia, enquanto a média móvel de óbitos está atualmente em 10 casos por dia, segundo boletim da Secretaria de Saúde.
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Edição: Flávia Quirino