Entender a qual grupo pertencemos é determinante para tornar legítima a luta que decidimos fazer.
Bolsonaro sempre fez questão de deixar bem claro o tipo de projeto que defende. Venda e extinção de empresas estatais, fim dos serviços e servidores públicos e flexibilização dos direitos trabalhistas são algumas das principais propostas registradas inclusive no programa de governo do capitão reformado eleito presidente – por urnas eletrônicas.
Não é nenhuma grande análise afirmar que todas essas propostas prejudicam diretamente quem depende de salário para viver. A grande questão é: por que assalariados insistem em defender Bolsonaro e seu projeto antipovo?
Segundo classificação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, uma família de quatro pessoas com renda total de até R$ 8 mil por mês é considerada alta classe média. Ou seja: está nessa classe social, por exemplo, um casal com dois filhos em que a mãe é advogada e ganha R$ 5 mil por mês e o pai é professor com salário de R$ 3 mil.
A diferença financeira entre essa família e outra com as mesmas características, mas considerada pobre, é de R$ 6.800 por mês, em média. Já a diferença salarial entre apenas uma pessoa da alta classe média e de um rico é de, no mínimo, R$ 60 mil por mês.
Entretanto, o perfil econômico que prevalece entre os apoiadores de Bolsonaro é justamente o da alta classe média, que assim como o pobre, é impactado com a política econômica implantada, mas prefere defender o projeto elaborado para os ricos: 1% da população brasileira.
Embora seja estabelecida uma classificação de classes sociais definida por renda, é urgente lembrar que, independente de quanto se ganha, qualquer pessoa que depende de salário para se manter, tenha emprego e patrão (ainda que esse patrão seja uma plataforma digital), ou mesmo aqueles que têm um empreendimento, mas precisam se dedicar diariamente ao negócio para garantir sustento, está inserido em uma só classe: a classe trabalhadora.
Entender a qual grupo pertencemos é determinante para tornar legítima a luta que decidimos fazer. E a ausência dessa consciência, da consciência de classe, é capaz de criar cenários tenebrosos como esse que vivemos, onde em nome de uma idolatria infundada, pessoas tornam-se carrascos de si mesmos.
De maneira prática, é ter o orçamento prejudicado pelo preço da gasolina a R$ 7 o litro, pelo gás a R$ 100, pelo aumento da conta de luz, pela alta do preço dos alimentos, mas fazer coro – ou se dizer indiferente – com um projeto que tem como consequência inevitável o aumento do preço de tudo e a destruição das garantias mínimas de sobrevivência.
Talvez a necessidade de ter consciência de classe em tempos mais fartos seja menos flagrante. Mas em um cenário como o atual, onde 99% da população está sendo prejudicada e apenas 1% segue acumulando renda, isso deveria ser orgânico.
Por isso, o ato deste dia 2 de outubro pelo Fora Bolsonaro deve ser amplo e unificado.
É preciso saber de que lado estamos e por que estamos. Não há tempo para ilusões de mudança radical de comportamento de Jair Bolsonaro. Ele já foi longe demais e segue prejudicando você, eu e toda a população.
A única forma de dar jeito no Brasil é com o impeachment de Bolsonaro.
Todos e todas às ruas! Neste sábado, dia 2 de outubro, às 15h30, no Museu Nacional.
*Rodrigo Rodrigues é professor da rede pública de ensino do DF e presidente da CUT-DF
** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Flávia Quirino