Rede de saúde está sucateada, equipamentos sem manutenção, falta de insumos e de recursos humanos
Apesar do discurso de campanha, contrário ao Instituto Hospital de Base, o primeiro ato do Governador Ibaneis foi encaminhar à Câmara Legislativa o Projeto de Lei que cria o Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do Distrito Federal – IGES-DF. Este Instituto abrange o Hospital de Base, o Hospital de Santa Maria e as UPAS.
Oito deputados – eu, entre eles – votaram contra, mas o IGES-DF foi aprovado. Por que ser contra?
Ora, porque isto representa uma divisão no Sistema Único de Saúde. O HBDF (Hospital de Base do Distrito Federal) é um hospital de referência para média e alta complexidade para toda a rede de saúde do DF; a Saúde precisa ter um comando único e não dois comandos.
Por outro lado, o Governador colocou na Direção do IGES um personagem estranho à saúde do DF, mas que compôs a equipe do ex-ministro Ricardo Barros, hoje líder do Governo Bolsonaro, investigado na CPI da Covid, do Senado Federal.
De lá, o Senhor Francisco foi nomeado como Secretário de Saúde, ocasião a qual foi preso por suspeita de superfaturamento na compra de testes para a Covid-19. Curiosamente, todos os que até agora estiveram à frente do IGES-DF foram demitidos ou pediram exoneração.
Hoje, o IGES-DF está no seu quinto Diretor-Presidente. Sempre alguém estranho aos quadros da Secretaria de Saúde do DF. O IGES-DF tem com a SES-DF (Secretaria de Saúde do Distrito Federal) um contrato de gestão que já foi auditado mais de 10 vezes. O Ministério Público continua investigando o IGES-DF. Outros indícios de corrupção já foram constatados, por exemplo, na contratação dos Hospitais de Campanha.
O Instituto consome – por enquanto – quase 30% dos recursos do Fundo de Saúde da Secretaria de Saúde, responsável pelas UPAS e dois hospitais, enquanto a SES engloba treze hospitais, todas as Unidades Básicas de Saúde, além das demais unidades vinculadas. A rede da Secretaria de Saúde encontra-se sucateada, equipamentos sem manutenção, falta de insumos e de medicamentos, falta de recursos humanos.
O Governador coloca como sua prioridade a realização de obras e deixa de lado a Saúde Pública. Tivemos durante a 2ª onda da Pandemia a demonstração da falta de planejamento e de cuidados com a atenção da nossa população, com Hospitais e UPAS lotadas, muita gente na fila de espera por uma UTI. Estima-se que cerca de 733 pessoas morreram por falta de assistência.
Num momento de pandemia, com muito desemprego e crescimento das desigualdades sociais, o Governador não se preocupou com os mais pobres. O DF foi a Unidade da Federação em que mais cresceram a pobreza e a extrema pobreza – 7,9%; tem a maior taxa de desemprego do país – cerca de 18,5%, contra 14,5% no Brasil. Mas se gasta muito em publicidade para fazer crer que vai tudo bem.
O Governador privatizou a CEB e hoje vemos as consequências: contas mais caras, péssimo serviço, quedas constantes de energia. Temos um transporte coletivo caro e ruim e nada é feito para melhorar. Apenas se fala em privatizar o Metrô.
Ou seja, a Saúde Pública é a cara mais feia desse Governo. E, de verdade, nada vai bem. Nós queremos e merecemos muito mais!
*Arlete Sampaio é médica e deputada distrital.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.
Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.
Edição: Flávia Quirino