O presidente e seus seguidores se alternam em ataques, especialmente à educação pública.
Para professores e professoras, o 15 de outubro é dia, sim, de comemorar, mas nem por isso deixa de ser um dia de luta, como todos os demais dias, pois o ofício de educar, compartilhar e trocar conhecimento exige aprendizado permanente, e a fonte comum desse aprendizado para os e as docentes, não importando o segmento em que lecionam, é a luta. Nela, as forças que se esgotam individualmente se renovam pela sinergia da coletividade que transforma a sociedade.
Ao longo dos anos, a categoria docente atua na resistência a ditaduras, ao desmonte da Universidade Pública, às perseguições e à retirada de direitos não só de docentes, mas também de técnicos/as administrativos/as e estudantes. Para isso, docentes se mobilizam e se articulam nas salas de aula, nos corredores, nas assembleias e nas ruas, em atos e passeatas. Movimento e ação em todos os espaços políticos.
Docentes têm enfrentado muitos desafios impostos severamente por um governo que, precisando da estupidez (verbal, moral e até física) para se manter, tomou o conhecimento como inimigo.
Assim, o presidente e seus seguidores se alternam em ataques, especialmente à educação pública, demonizando docentes, técnicos e estudantes com a criminosa propagação de fake news, fazendo cortes ainda mais profundos no orçamento para o setor, objetivando sucatear desde a estrutura operacional dos estabelecimentos de ensino, passando pela pesquisa, desenvolvimento tecnológico e assistência estudantil, chegando à arte e à cultura.
Paralelamente a isso, aliados do governo na Câmara Federal operam diversas manobras inconstitucionais para aprovação da nefanada PEC 32, que prevê a reforma administrativa com a qual se pretende destruir o Estado, os direitos de servidores/as públicos/as e da população, especialmente na saúde e educação públicas. À categoria docente estão previstas ameaças à carreira, à estabilidade e às condições de trabalho já bastante precarizadas.
Não bastasse um cenário político tão adverso, a pandemia da covid-19 impôs outros tantos desafios a todos/as docentes, e o principal deles, a manutenção da sanidade física, emocional e psicológica com a nova e exaustiva rotina do trabalho remoto emergencial, obrigando muitos e tantas, ainda, ao aprendizado da lida com plataformas virtuais, e tudo potencializado pela tensão derivada da longa e, como já provado na CPI da Covid no Senado, criminosa demora da vacinação. Mesmo assim, as tarefas de ensino, pesquisa, extensão e gestão foram e têm sido cumpridas, tanto pelo compromisso com a educação pública e com os/as estudantes quanto em respeito à memória dos que tombaram durante a pandemia.
Apesar – e por causa – de tudo isso, nos mantemos mobilizados/as e ativos/as numa luta constante, que só faz reforçar a importância da nossa união como categoria docente, de nosso diálogo com a sociedade e movimentos populares, evidenciando como sempre, ou como nunca, a importância da ação sindical.
Nesse ano do centenário de Paulo Freire, a ADUnB-S. Sind. saúda professores e professoras, convidando-os à construção e à defesa conjuntas de uma educação pública, laica, de qualidade socialmente referenciada, em favor de uma sociedade mais justa e igual, sem racismo, sexismo e homofobia, formando sujeitos críticos.
Dias dos professores, dia dos que que lutam, dia dos que resistem.
*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)
** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Márcia Silva