Distrito Federal

Violência

Feminicídio: mais duas mulheres perdem a vida no DF

De janeiro até meados de outubro deste ano, 20 mulheres foram assassinadas.

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
No mês de outubro já foram registrados 3 casos de feminicídios no DF, um está em investigação. - Divulgação Levante Feminista DF

Mais de cem mulheres do Distrito Federal e Entorno se reuniram no Setor Comercial Sul em um ato político-cultural contra o feminicídio, na sexta-feira, 15 de outubro.

Em cartazes e faixas, as mulheres pediam o fim da violência, o direito de viver e o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, que já fez declarações que reforçam o machismo e a violência de gênero. 

De janeiro a setembro de 2021, o Distrito Federal registrou 17 casos de feminicídio, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF).  Em outubro já foram registrados mais três crimes fatais de violência contra mulheres.

O pedido de “parem de nos matar” não foi ouvido e o Distrito Federal registrou no domingo (17) mais um caso de feminicídio. A vítima é a empresária Olívia Makoski, de 47 anos. O assassinato aconteceu no Pôr do Sol e foi cometido pelo ex-marido, Francisco de Assis Guembitzchi. 

Outro caso registrado é de Márcia Aparecida Bispo Duarte, de 43 anos, internada desde o dia 9 de outubro após ser agredida com uma barra de ferro pelo cunhado, Wesley Pereira dos Santos, de 40 anos. Márcia faleceu nesta segunda, 18.

Olívia e Márcia, são mais duas mulheres a entrar para as estatísticas de feminicídio. No início do mês, a sindicalista Cilma Galvão também foi vítima de feminicídio, os casos chegam agora a 20.

::Artigo | Não nos matem ::

Outros crimes estão em investigação e podem ser enquadrados na lei, como a morte de Milena Cristina, de 24 anos. A estudante de Direito foi encontrada morta no dia 16 de outubro e segundo a Polícia Civil, o caso é investigado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

O suspeito, que não teve o nome revelado, disse em depoimento que conheceu Milena na noite do dia 16, tiveram sexo consensual e no dia anterior ao acordar percebeu que a jovem estava morta. De acordo com a Polícia Civil, durante o inquérito pode haver alteração no indiciamento inicial, caso se constate que a morte de Milena foi um crime  de feminicídio.

Para Rita Andrade, do Levante Feminista Contra o Feminicídio no DF, o movimento feminista está em completo desacordo com essa decisão de enquadrar o crime como homicídio doloso. “É um caso típico de feminicídio e consideramos que é mais uma forma do Estado minimizar essa situação gravíssima que nós estamos diante dela, que é um quadro de violência extrema”.

Pela vida das mulheres

Durante a atividade, convocada pelo Levante Feminista Contra o Feminicídio e realizada nas proximidades da Praça Marielle Franco, no Setor Comercial Sul, em Brasília, as mulheres lembraram que até aquele dia, somente em 2021, o direito de existir “já havia sido negado a 18 mulheres aqui no DF, entre elas Cilma da Cruz Galvão, mulher negra, sindicalista assassinada dentro de sua casa no início deste mês”.


Ato reuniu mais de cem mulheres contra os feminicídios no DF / Foto: Divulgação Levante Feminista DF

A deputada federal Erika Kokay (PT) disse que a luta das mulheres é para garantir uma existência plena. “Para que nós possamos ter a plenitude da liberdade, ter os nossos direitos sexuais e reprodutivos, nossos direitos à uma existência plena, nós continuamos na luta. Nós queremos viver, parem de nos matar”, clamou. 

Ele destacou ainda que “são as mulheres, que ousam enfrentar a mentira e o ódio, que vão arrancar a faixa presidencial que não pode estar estampada no peito estufado da misoginia, do racismo, do capacitismo”.

:: Feminicídio: indignação não basta

Para Rita Andrade, as falas das participantes tiveram como ponto central a urgente e vital ampliação e investimento do Estado em políticas de combate à violência contra as mulheres. 

Ela destacou que “é necessário dar um basta ao crescente número de feminicídios, o Estado tem que se responsabilizar por isso e tem que investir em medidas preventivas, em políticas públicas de combate a esse mal que se alastra pela sociedade” reivindicou Andrade. 

Em nota, o Levante Feminista afirmou que “para nós, o desgoverno misógino, retrógrado e omisso – que despreza as mulheres, adora as armas e propaga ódio e violência em vez de trabalhar pela construção da paz social – é cúmplice desses crimes e deve igualmente responder por eles”.

Petição

Diante do crescente número de mulheres vitimadas pela violência doméstica e por feminicídios, o Levante Feminista Contra o Feminicídio no DF está coletando assinaturas em uma petição online, que será protocolada no Ministério Público do Distrito Federal na próxima segunda, dia 24.

Na petição, o Levante requer que o Ministério Público instaure procedimento para “apurar a responsabilidade omissiva do Governo do Distrito Federal – nas pessoas do governador, do gestor da Secretaria de Segurança Pública e das gestoras da Secretaria da Mulher e da Secretaria de Educação – quanto à adoção de políticas públicas voltadas ao enfrentamento dos feminicídios”.

:: Petição contra os feminicídios no DF ::

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Em caso de emergência, o telefone da Polícia Militar é 190.

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Edição: Flávia Quirino