A 4ª edição do Festival Mulher em Cena apresenta, de 22 a 31 de outubro, 16 produções teatrais produzidas, idealizadas e protagonizadas por mulheres. O evento é totalmente online e será transmitido pelo do Instituto Arcana no YouTube. A entidade, uma organização não-governamental com sede em Brasília, atua na mobilização sociocultural pela emancipação das mulheres.
As apresentações das montagens brasilienses, que somam seis, serão realizadas e gravadas diretamente do Teatro dos Bancários, em Brasília. Já as produções cênicas de fora de Brasília serão gravadas em seus estados de origem: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Acre e Pará.
Atividades como oficinas e rodas de conversa acontecerão em plataforma virtual de reuniões. Ao todo, são seis turmas de quatro oficinas com temáticas distintas, que começaram no dia 14 de setembro e se estendem 24 de outubro. Essas atividades são mediadas por Najara Leite, indígena, feminista, socióloga em formação, coordenadora da Organização de Cultura e Comunicação Alternativa. A programação inclui oito rodas de conversa, de 18 a 28 de outubro. Seis delas contam com a participação de protagonistas dos espetáculos apresentados no Festival, uma com militantes de movimentos sociais e outra com professora de práticas contemplativas.
A 4ª edição do Festival Mulher em Cena apresenta espetáculos para todos os públicos e em diferentes linguagens, que vão do teatro de bonecos ao de lambe-lambe, passando pelo de sombra e o musicado. Entre as montagens, estão solos e peças com elenco reduzido que conduzem a plateia através de temas como gênero, racismo, religiosidade e direitos humanos. As obras dramatúrgicas, trazidas nesta edição, buscaram inspiração em fatos e regionalismos, na literatura, no folclore nacional, dentre outras fontes.
As quatro oficinas abrem espaços para vivências que estimulam a criatividade, o autoconhecimento e a consciência corporal, atravessadas pelo contato com o feminino. Valem-se de dinâmicas de grupo, jogos de socialização e teatrais, improvisações, técnicas de artes plásticas, dança e literatura. Uma, dirigida a homens, em especial, vai discutir a necessidade de desconstrução do machismo no dia a dia, o respeito às diferenças de gênero, a defesa da equidade e outros temas que sirvam à retomada de consciência.
Desde a primeira edição, em 2009, o Mulher em Cena apresenta um mosaico criativo de questões contemporâneas à sua época, vistas pelas lentes do feminino. A primeira edição, no SESC Taguatinga, contou com espetáculos de teatro, dança, música e mostra de cinema. No ano seguinte [2010], no Teatro Nacional Cláudio Santoro, ampliou-se com exposição, lançamentos literários, rodas de conversa, além de brechós e palco para pequenas apresentações.
Em 2012, participou da “Ocupação Funarte Brasília”, com uma semana de programação, que preencheu quatro espaços do complexo cultural. Em edição no Tocantins, no ano de 2010, o festival foi igualmente bem-sucedido, quando fez circular pela capital, Palmas, o encontro de artistas do DF e de Tocantins com um público estimado em 10.000 pessoas.
Violência contra a mulher
O conceito do Festival, idealizado pelo Instituto Arcana, tem entre seus objetivos denunciar e combater a violência contra a mulher, uma realidade perversa da sociedade brasileira que apresenta números alarmantes.
De acordo com pesquisa recente do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma em cada
quatro mulheres relata ter sido vítima de vítima de algum tipo de violência no Brasil.
Em 2019, apenas na capital do país, foram registrados, entre janeiro e outubro, um total de 27 feminicídios, 474 estupros e 12.115 violações à Lei Maria da Penha. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do DF.
O Festival este ano é realizado por meio do termo de fomento com a Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo com Instituto Arcana em parceria com Sindicato dos Bancários de Brasília e com produção da Bloco B e do Instituto Transforma.
Programação dos espetáculos
Contos do interior - Sexta-feira (22), às 20h
Mulheres que nascem com os filhos - Sexta-feira (22), às 20h30
Madame Frôda in(quase) concert - Sábado (23), às 20h
Divinas cabeças - Sábado (23), às 20h30
Enluarada: Uma epopeia sertaneja - Domingo (24), às 19h
Kanarô - Domingo (24), às 20h
Depois do silêncio - Sexta (29), às 20h
A paixão segundo Adélia Prado - Sexta (29), às 21h
A saia de Pandora - Mensagens, revelações & falcatruas - Sábado
(30), às 20h
Medeia negra - Sábado (30), às 20h30
Lourença - Domingo (31), às 19h
Ciclos da vida - Domingo (31), às 19h
Amor - Título provisório e inalterável - Domingo (31), às 19h
Amor de cão! - Domingo (31), às 19h
Revoar - Domingo (31), às 19h
Surpresa - Domingo (31), às 19h30
Programação das Rodas de Conversa (ministradas por Najara Leite)
Vida contemplativa e engajamento social - Segunda-feira (25), às
19h
Desconstruindo preconceitos na sociedade contemporânea - Terça-
feira (26), às 19h
Provocações - Cultura em tempos de pandemia - Quarta-feira (27),
às 19h
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Edição: Flávia Quirino