A ativista Mona Lisa, do Coletivo Mais de Nós, denunciou neste sábado (23) que foi perseguida por dois carros desconhecidos nas imediações do Quinhão 23, em Santa Maria, região administrativa do Distrito Federal. Ela saiu de casa no início da manhã em um veículo Kombi, apelidado de KombAtiva, que é utilizado nos trabalhos de mobilização social pelo direito das mulheres e de famílias vulneráveis no DF. O destino era o Plano Piloto, onde Mona participaria de uma atividade. Logo no início do trajeto, ela notou uma movimentação estranha.
"Nessa manhã, quando eu saía de casa para encontrar com o Pastor Paulo e as meninas, para gente subir pra cá [Asa Norte], a KombAtiva foi perseguida por dois carros, desde a saída da minha rua, e me perseguiram por todo o Quinhão. Eu percebi aquela movimentação diferente, e eu não parei. E me afastei do ponto onde eu iria encontrar com eles", relata.
"Chegou num ponto onde eles me fecharam, ficaram de frente com a Kombi. O que me salvou foi também a Kombi, não tinha mais o que fazer, eu já estava vendo a hora deles tirarem a arma e começarem a atirar, então eu liguei o microfone e comecei a dar bom dia pra comunidade, pra falar que a gente estava ali. E aí foi quando eles saíram de perto", acrescentou.
Mona teve uma atuação intensa ao longo das últimas semanas uma mega operação da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) na derrubada de casas e expulsão de famílias pobres de uma ocupação justamente no Qunhão 23, uma área de Santa Maria.
A ação, que durou uma semana, chegou a demolir 50 casas, mas uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) suspendeu os trabalhos do DF Legal, por descumprimento de uma série de pré-requisitor judiciais.
Ao Brasil de Fato DF, Mona Lisa informou que este não foi um caso isolado e que pode estar associado justamente à luta por moradia popular na região. "A gente já identificou mais de 8 casos que estão rondando, perseguindo as lideranças, e hoje aconteceu esse episódio. Estou com medo, mas o nosso movimento não vai parar", assegura.
Edição: Márcia Silva