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ADUnB reúne Reitoria da UnB, SINTFUB e DCE para debater retorno de atividades presenciais

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Audiência pública debateu retomada presencial de aulas na UNB - Foto: Beto Monteiro - Secom/UnB
Debate reafirma a importância e necessidade de ampliação dos espaços de diálogo com a comunidade

Por meio de plataforma virtual, a ADUnB realizou no dia 4 de novembro uma audiência pública UnB: Preparação para a retomada presencial em segurança, reunindo representantes de toda a comunidade acadêmica. Representando a UnB, a reitora Márcia Abrahão, o vice-reitor Enrique Huelva e o chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques. O SINTFUB foi representado por seu Coordenador de Finanças, Maurício Sabino. Lorrany Arcanjo e André Doz representaram o Diretoria Central dos Estudantes (DCE). Pela ADUnB estiveram presentes o presidente Jacques de Novion e, na mediação, a diretora Daniela Garrossini e o diretor Alexandre Bernardino.

Marques abriu a audiência falando sobre as dificuldades e desafios que a pandemia impôs à universidade em diversos pontos, muitos dos quais já afetados pelas seguidas e severas reduções orçamentárias feitas pelo governo Bolsonaro, notoriamente inimigo da educação e da ciência – e da vida. Destacou que as soluções e decisões para o retorno presencial seguro, previsto para 17 de janeiro de 2022, estão sendo tomadas em diálogo com todos.

Maurício Sabino reconhece que houve um esforço da UnB, desde o início da pandemia, para garantir a segurança sanitária da comunidade acadêmica, mas entende que o plano para o retorno ainda não contempla todas as necessidades, citando como exemplo o caso dos vigilantes, que não deixaram de trabalhar presencialmente. Mesmo com o campus esvaziado, 30 vigilantes foram infectados, três deles indo a óbito apesar de terem tomado duas doses da vacina, e os demais estão com sequelas da covid-19.

“São profissionais que tomam condução para ir ao trabalho, batem ponto num espaço coletivo. A universidade não tem condições, ainda, de garantir o distanciamento, e se todas as medidas de segurança não forem adotadas, só o que podemos esperar são mais vítimas. A realidade é muito mais complexa do que planos. O SINTFUB exige que a volta seja totalmente segura, debatendo não só com cientistas e especialistas, mas com quem vive o dia a dia da universidade, com espaço para problematizar a complexidade da rotina”.

O DCE iniciou sua participação com Lorrany Arcanjo endossando as reivindicações de Sabino, acrescentando que o plano apresentado pela UnB não contempla toda a universidade, mas apenas algumas de suas unidades.

“Precisamos saber a capacidade de pessoas que a universidade está preparada para receber, pois dividiremos espaços comuns. Planos de ventilação não foram feitos por arquitetos e profissionais capacitados para outras avaliações de segurança. As reformas para adequar espaços, além de não terem sido feitas, não estão bem especificadas. Nossas reivindicações têm sido muito claras, precisamos ser mais e melhor ouvidos, para a UnB encarar a realidade. Muita coisa foi aprovada sem uma discussão efetivamente democrática”.

Em seguida, André Doz completou: “O movimento estudantil constatou que o ensino remoto acentua muito a exclusão, gera uma retenção enorme de estudantes aguardando formatura, atrasa a pesquisa, logo, deve ter um caráter emergencial. Mas a volta presencial deve obedecer a protocolos bastante rígidos de segurança e, antes de ser efetivada, ter uma escuta atenta de toda a comunidade acadêmica, o que não tem acontecido. No Fórum Estudantil, nos disseram que o prazo para apresentação de propostas seria até o próximo dia 25 de novembro, mas hoje, na reunião do CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), uma surpresa negativa: as demandas dos estudantes, pela segunda vez, foram tratoradas pela Administração, como se fossem supérfluas e não basilares, uma vez que, até pelo volume maior de gente, os estudantes sabem da variedade e complexidade da rotina na UnB”.

O presidente da ADUnB, Jacques de Novion, reconheceu que a UnB teve importante atuação na execução do modo remoto, bem como trabalha em protocolos para avançar da etapa 1 para a etapa 2, mas alertou que o retorno presencial progressivo não pode saltar imediatamente para a etapa 3, ainda mais sem o devido diálogo com todos: “Há fragilidade na transversalidade das decisões, com unidades procurando a universidade em separado, tomando decisões individuais, na contramão de protocolos decididos coletivamente. Tudo isso cria um choque de calendário de atividades e férias, aumenta a ansiedade dos envolvidos e fragiliza a democracia acadêmica”.

Também pediu à Administração Superior da UnB que esclareça como será tratado o caso de quem se recusa a tomar as vacinas.

Dando início às respostas e esclarecimentos às queixas e dúvidas da comunidade acadêmica, o vice-reitor Enrique Huelva afirmou que a UnB é uma das universidades que mais tem trabalhado para o avanço a um retorno presencial com segurança, e graças à participação de docentes, técnicos e estudantes.

“Temos o Plano Geral de Biossegurança, documento norteador de nossos passos, individual e coletivamente, 81 planos de contingência, guias de convivência orientando práticas coletivas e individuais. A universidade só pode produzir documentos de orientação que possam ser aplicáveis numa comunidade de milhares de pessoas, em diversos cursos. Foi elaborada uma metodologia com contribuições de diversos profissionais e especialistas em epidemias. Quanto às reformas, trabalhamos com o que é possível para os espaços do tipo A, salas, blocos, pavilhões. Espaços do tipo B, como laboratórios, exigem não apenas recursos, mas também tempo de execução”.

Na sequência, foi a vez da reitora Márcia Abrahão responder aos questionamentos.

“Somos uma universidade, temos que dar exemplo. A pandemia não acabou, precisamos atuar para preservar vidas, como temos feito desde o início. Será uma volta segura, de acordo com os espaços. Não vai voltar todo mundo de uma vez, será de acordo com a possibilidade de cada espaço. Vamos seguir todos os planos que elaboramos, mas estamos abertos a ouvir todo mundo. Dialoguem conosco, é só agendar com meu gabinete. Temos limitações diversas, mas agimos e seguiremos agindo com responsabilidade, e isso se aplicará aos que se recusarem à vacinação”.

No encerramento, os diretores da ADUnB que mediaram o debate também se pronunciaram. Bernardino disse esperar que o plano promova “uma retomada lenta e gradual, respeitando a autonomia universitária, imune a decisões governamentais”, e Garrossini afirmou que a realização de mais audiências públicas é apenas uma das muitas ações que a ADUnB planeja realizar em conjunto com toda a comunidade acadêmica para garantir o retorno seguro das atividades presenciais na UnB.

O debate promovido nesta Audiência Pública reafirma a importância e necessidade de ampliação dos espaços de diálogo com a comunidade acadêmica diante dos desafios impostos pela pandemia e pela construção de um retorno seguro.

*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino