Há um ano, em leilão realizado na B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), era privatizada a CEB Distribuição S.A, subsidiária estatal responsável pelo abastecimento de energia elétrica no Distrito Federal.
Precedida da narrativa de desconstrução utilizada em qualquer processo de privatização, a venda ilegal da CEB ocorreu sob forte resistência dos eletricitários do DF e de segmentos da sociedade, preocupados com as consequências dessa medida para a qualidade dos serviços e, sobretudo, para o preço da energia elétrica na capital do país.
Não faltavam exemplos, à época, de que a privatização da CEB poderia provocar no DF as mesmas precariedades no atendimento experimentadas pelos consumidores de Goiás, Amapá, Acre, Mato Grosso, Pará e de outros estados.
À revelia desse contexto, o governador Ibaneis Rocha, que havia prometido em campanha eleitoral não privatizar a CEB e fortalecer as estatais do DF, se empenhou pessoalmente na tarefa de entregar a subsidiária ao mercado, mobilizando sua base na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), convencendo empresários, acionando a mídia local e fazendo gestão junto ao Tribunal de Contas e judiciário.
Até o Ministério Público, que agora vem questionando o atendimento da Neoenergia Brasília, não ouviu os que resistiram àquela vergonhosa desfaçatez com o patrimônio e interesse público.
:: Piora no atendimento e queda constante de energia mostram fracasso da privatização da CEB ::
Após um ano do fatídico leilão e confirmados todos os riscos e mazelas apontadas pelos eletricitários, a população do DF nada tem a comemorar com essa privatização. Ao contrário, só tem a lamentar.
*João Carlos Dias Ferreira é graduado em Direito na Universidade Católica de Brasília e, atualmente, é diretor de Assuntos Jurídicos e Trabalhistas do Sindicato dos Urbanitários do DF (STIU-DF).
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.
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Edição: Flávia Quirino