Estudo da Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan) sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) aponta crescente de casos entre jovens de 12 a 29 anos. A pedido da Secretaria de Juventude (Sejuv), os dados do estudo revelam que, entre 2007 e 2017, a incidência da maioria das infecções analisadas aumentou no período.
O levantamento mostra que as três ISTs mais notificadas foram Aids, sífilis adquirida e HIV, respectivamente. Na análise por gênero, a maior parte das notificações dessas infecções foram para pacientes do sexo masculino, excluindo-se as hepatites virais e, por acometer apenas gestantes, sífilis gestação.
A infecção por HIV foi a que mais evoluiu temporalmente, passando de 68 notificações, em 2007 e 37 em 2008, para 410 em 2017. De acordo com a Secretária de Saúde do DF, no ano de 2020, foram 690 novos casos registrados na cidade, além de 96 óbitos. Em 2021, até o momento, foram 581 contaminações confirmadas e 76 óbitos.
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O ginecologista Santiago França explica que existem cerca de 10 tipos de DSTs e ISTs. A maioria é provocada por vírus e bactérias e os principais sintomas são coceira, a presença de feridas, corrimentos ou dor no local da lesão, “outras são assintomáticas”.
“As mais comuns são a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que destrói as células do sistema imunológico, a sífilis e o cancro mole”. O ginecologista orienta a população a procurar um médico caso apresente algum dos sintomas para diagnóstico e tratamento.
Iniciação precoce
No estudo foram usados dados da Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PeNSE), da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) e do Sistema de Informação e Agravos de Notificação (Sinan).
Os dados da PeNSE mostram que aproximadamente 1 em cada 3 jovens escolares do nono ano do DF já iniciaram sua vida sexual. O documento aponta que a “precocidade na iniciação sexual aumenta a probabilidade de relações sexuais desprotegidas e, consequentemente, as chances de contrair algumas infecções sexualmente transmissíveis”.
Para França, o dado reforça “a necessidade de educação e promoção de saúde e prevenção de dessas afecções por parte do poder público. Com fins de redução de casos entre jovens no DF. A precaução e o cuidado são os maiores pilares. Neste sentido, a atenção primária tem papel crucial neste fim”, observa.
O especialista defende a realização de campanhas comunitárias e escolares, “distribuição de preservativos masculinos e femininos, gel lubrificante e profilaxia pós-exposição”. Além disso, ele sugere ainda ampliação da testagem de HIV, sífilis e hepatites B e C, “mapeando onde estão e qual o público mais vulnerável. É vital”.
As regiões administrativas com maior número de notificações no período analisado foram Ceilândia e Samambaia, que são as duas RAs com maior população na faixa de idade estudada.
Registrou-se ainda que a maior parte das notificações aponta pessoas menos escolarizadas, “indicando que a educação e a escola possuem papel significativo na disseminação da informação sobre infecções sexualmente transmissíveis e sobre a prevenção”, frisa o estudo. Cabe destacar que o primeiro grupo etário analisado (12 a 18) ainda está em idade escolar.
O documento menciona um estudo sobre conhecimentos, atitudes e práticas sexuais realizado com jovens de 18 a 29 anos no Brasil e cerca de 20% dos jovens disseram que se sentiriam insultados ou com raiva se o (a) seu (sua) parceiro (a) quisesse usar um preservativo ao fazer sexo.
Para o ginecologista, o uso de preservativos “em todas as relações sexuais, oral, anal e vaginal é o método mais eficaz contra as DSTs”.
Dezembro vermelho
A Secretaria de Saúde do DF lançou no final do mês passado a campanha Dezembro vermelho, voltada para reforçar o cuidado contra o HIV e a Aids.
Em nota, a Secretaria informa que, para quem foi diagnosticado com a doença, a rede pública possui uma rede de serviços ambulatoriais especializados.
A população pode buscar atendimento no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin – antigo Hospital Dia, na 508 Sul); policlínicas de Taguatinga, Planaltina, Paranoá, Gama, Lago Sul e Ceilândia; ambulatórios do HRC, HRS, HUB e HBDF.
A pasta destaca ainda que atua desde o fornecimento gratuito de preservativos nas unidades de saúde até o tratamento dos pacientes. Entre as principais ações também estão a possibilidade de realizar nos postos de saúde a testagem do vírus HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis e hepatite.
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Edição: Flávia Quirino