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Sem carnaval e sem amparo do Estado

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Não deveríamos ter eventos com grande público? Não. - Foto: Bruno Cavalcanti
Carnaval é festa do povo, da rua, livre, democrática e popular. Não um privilégio.

O carnaval de rua foi cancelado mais uma vez, por questões sanitárias. E isso é necessário, porque a pandemia não acabou! Só que tão importante é a vida e a sobrevivência das milhares de pessoas em todo o Brasil que fazem parte da cadeia produtiva do carnaval.

Muitas famílias têm nessa época a oportunidade de trabalho mais rentável do ano. O dinheiro que ganham no carnaval sustenta a família por muito tempo. Socorrer essas trabalhadoras e trabalhadores é o mínimo que o Estado precisa fazer nesta época.

O Carnaval é resultado de pelo menos um ano de construção, que envolve planejamento e organização. É uma atividade cultural que mobiliza diversos setores para a sua concretização. Um processo de economia criativa que envolve conceber o projeto artístico, passando por momentos de ensaios, desenvolvimento de figurinos, mapeamento de fornecedores, capacitação e formação de equipes de trabalho, dentre outras frentes.

Ou seja, estamos falando de toda uma cadeia produtiva e tem gente que depende da realização desse tipo de eventos.

Não deveríamos ter eventos com grande público? Não.

Mas na total ausência de políticas públicas permanentes e eficientes, como colocar comida na mesa dessas famílias? Não é fácil resolver esse conflito. É preciso vontade política, bom senso, humanidade, responsabilidade de quem está nas cadeiras de poder.

Por outro lado, neste ano temos uma grande onda de festas privadas, que não superem a demanda de empregos que o carnaval público gera normalmente.

Carnaval é festa do povo, da rua, livre, democrática e popular. Não um privilégio de quem pode pagar um ingresso que muitas vezes é o valor da compra do mês de uma família.

Vamos mudar essa realidade, juntes. Com vacina, alegria, com luta, pela dignidade de quem vive do trabalho!

*Ruth Venceremos é Drag Queen e ativista.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino