Há exatamente quatro anos, na noite do dia 14 de março de 2018, uma quarta-feira, a então vereadora da cidade do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes, foram brutalmente assassinados em uma emboscada quando passavam de carro pelo centro da cidade.
O crime chocou o país e teve uma grande repercussão internacional. Desde então, mais perguntas do que respostas ainda segue no ar. A principal delas segue sendo saber quem mandou matar a vereadora e seu motorista, e por quê.
Para marcar a data e a memória de ambos, estão previstos atos em diversas cidades do país. No Distrito Federal, m ato foi realizado no final da manhã desta segunda-feira, na Praça Marielle Franco, que fica no Setor Comercial Sul, zona central de Brasília. Às 19h, ocorre a entrega da 3ª edição do Prêmio Marielle Franco, instituído pela Câmara Legislativa do DF, por iniciativa do deputado Fábio Félix (PSOL). O evento terá transmissão ao vivo pela TV Câmara Distrital, no canal 9.3, mas também poderá ser acompanhado pela internet, no canal do Youtube e redes sociais.
"Desde a morte de Marielle a violência política, infelizmente, só tem aumentado em nosso país. Esperamos, com o Prêmio, reconhecer quem se inspira nas lutas e ideias de Marielle e constrói um amanhã mais justo e solidário", escreveu o parlamentar, para divulgar a nova edição do prêmio. Já na terça-feira (15), está prevista uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados.
Quem foi Marielle
Mulher preta e periférica, Marielle era socióloga e havia conquistado um importante e representativo mandato de vereadora pelo Rio, com mais 46 mil votos. Era a única mulher negra entre mais de 50 parlamentares. Em 2019, um ano após o crime, o sargento aposentado da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos, e o ex-policial militar Élcio Queiroz, apontado como o motorista do carro em que os disparos foram dados, foram presos na capital fluminense. Em 2020, a Justiça decidiu submetê-los a júri popular, com data a ser definida. O autor intelectual do crime, no entanto, permanece um mistério.
"Meu sentimento é de indignação e de dor, não é de revolta, mas de uma postura que a gente possa continuar cobrando. É a sensação de crime bárbaro de uma pessoa que estava exercendo seu mandato. Em qualquer lugar do mundo a gente já teria uma resposta, afinal de contas não são 4 dias, não são 4 meses, são 4 anos de uma investigação que seria praticamente impossível num país sério não sido elucidada", afirmou a advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle, em entrevista ao Brasil de Fato.
A atuação de Marielle como ativista e, depois, parlamentar, foi centrada na defesa dos direitos das mulheres e da população negra, vulnerável e periférica. Ela fazia um embate forte contra a atuação das milícias no Rio, da qual fazia parte o seu assassino, Ronnie Lessa, e que pode estar relacionado à motivação do crime. De acordo com o Instituto Marielle Franco, criado para preservar a memória da vereadora, ela trabalhou em organizações da sociedade civil, como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm), e na coordenação da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
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Edição: Flávia Quirino