O grupo de rap Viela 17 lança neste domingo, 27, a música "Ceilândia Centro" para homenagear a Região Administrativa de Ceilândia que completará 51 anos de fundação.
A canção fará parte do novo álbum do grupo de título "Ceilândia West Side" uma ode a Ceilândia com 18 faixas, ou seja, 18 histórias contadas sobre a maior cidade do Distrito Federal que abriga atualmente mais de 500 mil pessoas.
A música narra lembranças de fatos ocorridos dos anos 70 até os 90 no centro da região. "A inspiração destes versos foram as memórias de alguns fatos acontecidos no centro da cidade. Lá era um ponto importante de encontro da juventude ceilandense", diz Japão, um dos compositores.
A faixa estará disponível em todas as plataformas digitais a partir de meia noite do domingo. Às 14 horas o videoclipe estará disponível no canal oficial do grupo Viela 17.
Parceria
A música "Ceilândia Centro" foi escrita pelo rapper Japão, em parceria com o rapper cearense Rapadura. A produção musical é do produtor musical e DJ brasiliense, DJ Raffa Santoro.
Japão escolheu Rapadura para fazer parte desta obra que reflete amor a sua cidade natal por terem vivido uma história em comum que é relatada na letra da canção "Ceilândia Centro".
"Todas as faixas do álbum terão participações de pessoas que em algum momento tivemos alguma troca bacana para contar. O Rapadura é um cara que tenho um carinho muito grande. Ele tem uma visão enorme e consistente da cidade. Especificamente nessa faixa temos uma história em comum que foi incrível ser lembrada. Além disso, o centro da Ceilândia sempre foi um reduto de nordestinos que se encontram aos finais de semana na feira, local que rende frutos de inspirações inesgotáveis. E o Rapadura é nordestino".
A escolha da produção musical por DJ Raffa Santoro não é novidade. O produtor musicaliza os versos do grupo desde o primeiro álbum, com exceção do trabalho "Lá no morro" assinado por Ariel Haller, DJ Saci, Beto Batata e Duck Jay.
Os versos
O grupo Viela 17 é original de Ceilândia. Inclusive o nome é uma homenagem à quadra 17 da Expansão do Setor O, local onde o rapper Japão reside.
Tudo o que sou devo a essa cidade. Todas as músicas que escrevo tem a Ceilândia como inspiração. Isso se deve a tudo que vivi e vivo por aqui. Alegrias e dores fazem parte e rendem histórias que irão perdurar por décadas. Toda forma de pensar e agir vem de alguma fonte de inspiração, no meu caso vem da cidade.
Os versos da música "Ceilândia Centro" contêm lembranças comuns aos compositores. Uma delas teve como palco a frente de uma drogaria. O verso diz: "Um monstro de cinco mil cabeças lá na DrogaMed. É a expansão do Rap, esqueça! Nem geógrafo mede!"
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"A DrogaMed é um espaço no centro da Ceilândia em frente a farmácia onde rolavam os concursos de rap, as festas, os shows com trios elétricos. Lá eles davam a oportunidade para a molecada cantar rap. Isso foi marcante. E também o Quarentão que para nós era o local de encontro mais bacana, pois vinha gente de todo o Distrito Federal para curtir a domingueira", explica Japão.
Videoclipe
O videoclipe da música foi gravado em uma barbearia da cidade e tem por objetivo despertar lembranças. O telespectador terá a oportunidade de rememorar a Ceilândia dos anos 70 aos 90 por meio de detalhes que serão vistos nas imagens. Quem não viveu essa época, terá a oportunidade de conhecer o passado e pesquisar símbolos importantes que marcaram os 51 anos de história da região que iniciou como um Centro de Erradicação de Invasões.
Japão pontua que falar da satélite é descrever um ambiente acolhedor e inspirador e que nos anos 70 e 80 era bem distante do Plano Piloto.
"Nos anos 70 e 80, Brasília era mais distante que uma pessoa que morava em São Paulo. Era mais fácil um cara de São Paulo ir á Brasília do que um ceilandense. Era todo mundo distante. Pouquíssimas pessoas tinham grana para pegar ônibus e conhecer o Plano (Plano Piloto). Eu vim conhecer o Plano com 12 anos de idade".
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Ceilândia Efervescência
A Região Administrativa de Ceilândia é celeiro de arte dos mais variados segmentos culturais.
A cultura Hip Hop, por exemplo exportou nomes que se consagraram nacionalmente como o grupo Câmbio Negro, os b.boys e grafiteiros da DF Zulu Breakers e o próprio Viela 17, porém Japão critica que os projetos governamentais para a arte ceilandense até chegam a cidade, mas para poucos.
"Os projetos governamentais incluem a Ceilândia, mas não chega para toda a cultura. Chega para meia dúzia. É uma crítica que tenho. O videoclipe da música vai mostrar muito isso aí. A gente acha que chega, mas poucos são contemplados".
*Cláudia Maciel é jornalista, mãe, mora em Samambaia e escreve para o Brasil de Fato DF sobre Hip Hop.
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Edição: Flávia Quirino