Distrito Federal

Coluna

Sem negociação, mas com negociatas

Imagem de perfil do Colunistaesd
Ministério não negocia com servidores - Foto: Fonasefe
Governo Bolsonaro fala grosso com servidores e manso com aliados eleitoreiros

No dia 1º de abril, depois de muita pressão exercida pelas entidades sindicais integrantes do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), finalmente o Ministério da Economia recebeu um grupo de representantes das mais variadas categorias do serviço público em campanha salarial desde janeiro deste ano, reivindicando melhores condições de trabalho e reajuste de 19,99% referente à perda inflacionária no governo Bolsonaro, no período de 2019 a 2021.

:: Docentes em luta na campanha salarial unificada ::

Representantes do Fonasefe foram recebidos pelo secretário-adjunto da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal, Leonardo Sultani, e, a pedido do próprio Fonasefe, o coordenador Geral de Negociação Sindical no Serviço Público, José Borges de Carvalho Filho.

Já de início, Sultani disse que o ministério não estava recebendo o grupo para um processo de negociação, mas apenas como atendimento de rotina de escuta de sindicatos. Depois afirmou que não haverá negociação enquanto não for aprovado o PLN 01/2022, em trâmite no Congresso. Por fim, sinalizou possibilidade de “alguma forma de reposição” somente a partir de 02 de junho.

Os representantes do Fonasefe entenderam a fala como vaga, pois não só o governo tem maioria no Congresso, como o pagamento de salários do funcionalismo é impositivo, não sendo dever do movimento sindical administrar as contas públicas nem pressionar o Legislativo para aprovar medidas que façam o governo cumprir suas obrigações legais.

Mediante isso, em reunião virtual realizada no dia seguinte, o Fonasefe deliberou por manter a vigília no Ministério da Economia, ampliar a campanha de denúncia da intransigência do governo, fortalecer as greves em curso e trabalhar para que mais categorias possam aderir ao movimento grevista.

MEC: balcão de negociatas

Enquanto isso, no MEC, na maciota, o governo segue promovendo negociatas com os seus aliados religiosos e políticos, usando a Educação como moeda de troca para a sua reeleição.

Menos de um mês depois de revelado o criminoso esquema que o ex-ministro da pasta, o pastor neopentecostal Milton Ribeiro, a pedido de Bolsonaro, mantinha com outros pastores de seu círculo, liberando verbas da Educação para que negociassem com prefeitos uma contrapartida– em dinheiro e até em ouro – para a construção de templos, dois outros escândalos foram revelados pela mídia.

:: CPI do MEC no Senado tem assinaturas necessárias; decisão agora está nas mãos de Pacheco ::

Primeiro, a tentativa de compra de ônibus escolares em valores superfaturados que resultariam num rombo de R$ 732 milhões de dinheiro público destinado ao orçamento do MEC – o qual, no Orçamento da União para 2022, sofreu um corte de R$ 738 milhões.

No dia 6 de abril, foi descoberto que o governo destinou R$ 26 milhões da pasta para a compra de kits de robótica para escolas de pequenas cidades de Alagoas que nem sequer têm computadores suficientes, acesso regular à internet, nem mesmo salas de aula para todos alunos e água encanada.

:: Verba do orçamento secreto do MEC vai para empresa do pai de aliado de Arthur Lira ::

Todos os municípios envolvidos em mais essa fraude têm contratos com uma só empresa, de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), responsável por controlar as bilionárias emendas do Orçamento.

Por tudo isso, e muito mais, a ADUnB-S.Sind convoca toda a categoria docente a participar de todos os atos pela campanha salarial, bem como para os atos que, em vozes cada mais crescentes, conclamam: Bolsonaro nunca mais!

:: Leia outros textos desta colunista aqui ::

*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Flávia Quirino