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Artigo | A luta dos mártires de Chicago nunca foi tão atual

"Capitalismo mostra que mesmos com novas tecnologias e inovações não consegue melhorar a vida dos trabalhadores"

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
"Com jornadas de 12 horas diárias e nenhum direito trabalhista, os trabalhadores por aplicativo vivem uma realidade muito próxima daquela que motivou os mártires de Chicago a entrarem em greve e se revoltarem" - Foto: Reprodução AMAE-DF

Como se sabe, a II Internacional Socialista estabeleceu o 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, em homenagem aos mártires de Chicago, em 1886.

Os trabalhadores faziam uma manifestação em prol da instituição da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos, quando explodiu uma bomba no local, o que foi alegado como motivo para a polícia atirar contra os manifestantes, deixando quatro mortos, centenas de presos e feridos.

Oito trabalhadores anarquistas foram acusados de conspiração, sete foram condenados à morte e outro a 15 anos de prisão. Um dos condenados à morte suicidou-se na prisão. Outros quatro foram enforcados.

O 1º de maio de 1886 havia reunido milhares de trabalhadores em greve nas ruas de todo o país, com o lema “Oito horas por dia sem cortes no pagamento”. As manifestações atingiram Nova Iorque, Detroit, Winsconsin, Chicago e reuniam de 30 mil a 40 mil grevistas em cada cidade, acompanhados pelo dobro de pessoas que apoiavam o movimento.

À época, a jornada de trabalho dos trabalhadores norte-americanos era de 60 horas semanais, por 6 dias na semana. 136 anos depois, a reivindicação dos mártires de Chicago nunca foi tão atual.

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O capitalismo atual, em fase de decadência, mostra que mesmos com as novas tecnologias e inovações não consegue melhorar a vida dos trabalhadores, pelo contrário, têm trazido de volta a jornada de 60 horas semanais, como podemos ver no caso dos trabalhadores por aplicativos.

Com jornadas de 12 horas diárias e nenhum direito trabalhista, os trabalhadores por aplicativo vivem uma realidade muito próxima daquela que motivou os mártires de Chicago a entrarem em greve e se revoltarem.

As jornadas longas, a instabilidade de renda e a falta de mínimas condições de trabalho deixa esses trabalhadores em uma situação de extrema insegurança, em um cenário de aumento estratosférico no combustível e uma inflação de dois dígitos, que corrói a renda das famílias, o que têm levado às greves e paralisações, como vimos no mês de abril.

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Novamente, a luta pela jornada de oito horas se faz urgente e necessária para manter a saúde de milhões de trabalhadores que se arriscam diariamente fazendo entregas em aplicativos de delivery, recebendo por corrida e sem qualquer garantia trabalhista.

É preciso lutar por uma jornada de trabalho regulamentada, por direitos mínimos, como seguro acidente, pensão por morte, férias, 13º salário e um salário mínimo decente, que segundo o Dieese deveria ser de R$ 5.900,00.

*Laura Valle Gontijo é mestre em sociologia pela Universidade de Brasília. Faz parte do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho (GEPT/UnB).

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.

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Edição: Flávia Quirino