O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) retomou as ocupações de terra após um hiato de dois anos em função da pandemia de covid-19. Nos últimos meses, foram cerca de 60 ações, incluindo 28 ocupações de áreas consideradas improdutivas, além de marchas, ações de solidariedade, audiências públicas e outras atividades. O balanço foi divulgado nesta terça-feira (31).
As ocupações de terra, que são o principal instrumento de luta do movimento, ocorreram nos estados do Rio Grande do Norte (8), Ceará (1), Paraíba (1), Santa Catarina (1), Bahia (10), Distrito Federal (1), Pernambuco (5) e Minas Gerais (1). Destas, sete áreas sofreram ações de despejo por parte da Justiça ou de forças públicas de segurança.
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Segundo Alexandre Conceição, da direção nacional do movimento, a decisão de paralisar as ocupações se deu por razões sanitárias, e para fortalecer ações de solidariedade.
"Veio a pandemia e a situação piorou. E nós seguimos a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), adotamos a política de isolamento produtivo, ou seja, cuidar dos assentamentos e dos acampamentos, com uso de máscara, álcool em gel, não se deixar contaminar, não disseminar o vírus, mas, ao mesmo tempo, produzir alimentos saudáveis para combater aquilo que a gente jpá vinha denunciando, que é a volta do Brasil à fome, a inflação dos alimentos batendo no teto", afirmou durante coletiva de imprensa para fazer um balanço da política agrária do governo federal.
Nos últimos dois anos, o MST informou ter doado mais de 6 mil toneladas de alimentos e distribuído mais de um milhão de marmitas de comida. Também foram distribuídos cerca de 70 mil livros e montadas mais de 100 cozinhas comunitárias em diversas regiões do país.
Agora, uma das preocupações do movimento é com a retomada das ações de despejo, se o Supremo Tribunal Federal (STF) não mantiver em vigor a liminar (decisão provisória) que suspende a execução de despejos em áreas urbanas e rurais ocupadas por famílias vulneráveis.
"Ainda no dia de ontem [30], tivemos um encontro com o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, sobre a necessidade de manutenção da decisão que impede os despejos em imóveis urbanos e rurais", afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
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Edição: Flávia Quirino