Os imperialistas pensavam que Cuba cairia em suas mãos como uma “fruta madura”
Nos últimos vinte anos, há uma variação da tática imperialista em relação à Ilha, ora apertando o bloqueio econômico, ora afrouxando-o levemente, dentro da tática da “guerra hibrida” contra a Revolução Cubana
São mais de sessenta anos de impiedoso bloqueio econômico contra Cuba, desfechado pela fúria do imperialismo dos EUA logo que a Revolução mostrou sua clara inclinação socialista ao implantar a reforma agrária na Ilha, bem como estatizar os serviços e meios de produção essenciais ao país, sistema bancário, etc.
Ao longo dos primeiros quarenta anos, os imperialistas sediados nos EUA tentaram inúmeras medidas para sufocar a Revolução Cubana, incluída a tentativa de assassinar seu dirigente maior: Fidel Castro.
Quando a União Soviética foi desconstruída, os imperialistas pensavam que Cuba cairia em suas mãos como uma “fruta madura” (tese defendida pelo larvar imperialismo estadunidense já no século XIX), visto que, a partir de então, a Ilha estaria sob pressão não de um, mas de dois bloqueios, como qualificou Fidel Castro à época, ou seja, um duplo bloqueio econômico decorrente da queda de 75% do comércio exterior de Cuba, consequência das turbulências do Leste Europeu, onde Cuba concentrava a maior parte do seu comercio exterior.
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A partir do presente milênio, os yankes passaram a variar na tática para sufocar a revolução. Na lógica da “guerra hibrida”, ora adota-se medidas duras e criminosas contra o povo cubano, com proibição até de exportação de remédios para a Ilha, ora aprovando planos de “ajuda” a ONGs e fomento a ações de movimentos contrários à direção revolucionária e ao Socialismo.
No final de 2015, Obama assinou o reatamento de relações diplomáticas dos EUA com a Ilha e, no início de 2016, visitou Cuba onde foi oferecer “vantagens tecnológicas” para a Ilha, em troca da adoção do “modelo estadunidense de democracia”, modelo este que eles (os imperialistas e seus sabujos) creem “universal”. Claro que Raul Castro, na direção do país à época, rechaçou a ingerência “neo-imperialista” nos assuntos internos de Cuba.
Veio Donald Trump, eleito ao final de 2016, que assinou - fazendo média com os contra-revolucionários cubanos radicados nos EUA - mais 250 medidas de ampliação do bloqueio econômico contra Cuba.
Agora, com Biden, o torniquete do bloqueio afrouxou alguns milímetros, favorecendo o restabelecimento de voos comerciais, facilitando a remessa legal de dólares, limitada a mil dólares por trimestre, e promovendo o fomento ao setor privado cubano, ONGs, empresários, autônomos etc.
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O povo cubano não se ilude com esse suposto afrouxamento do bloqueio econômico. O bloqueio, por seu caráter extraterritorial, atenta contra todos os princípios do direito internacional que a burguesia internacional tanto preza para manter o controle do comercio mundial.
Mas agora, com a perda da hegemonia do imperialismo no mundo, nos marcos da derrota política e militar dos neonazistas baseados na Ucrânia e apoiados pela OTAN, pelos EUA e pela União Europeia, emerge um novo eixo econômico e político mundial, coordenado por Rússia e China, onde sobressaem diversas articulações, blocos econômicos a partir da Asia, mas com extensão para todo o mundo, incluindo a América Latina, onde o BRICS tem um imenso potencial, bem como a Rota da Seda organizada pela China.
Cuba, sob cerco do bloqueio imperialista, vinculou-se à Associação Econômica Euroasiática como forma de enfrentar os gravames do bloqueio econômico, mediante as alternativas que Rússia e China vem construindo, haja vista o sistema de pagamentos alternativo ao SWIFT (controlado pelos imperialistas).
Novas articulações econômicas e políticas se insinuam claramente pelo mundo, fora dos domínicos imperialistas. E isso é ótimo para a Asia, a África e a América Latina, e também um alento para Cuba e a Revolução Cubana, que seguirá combatendo o bloqueio com o apoio dos povos do mundo, recorrendo a essas novas engenharias não-imperialistas que surgem no cenário mundial econômico e geo-político.
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*Afonso Magalhães é economista e dirigente da Central de Movimentos Populares (CMP-DF)
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Flávia Quirino