As ruas das principais capitais do país e também de cidades do interior foram tomadas por estudantes nesta quinta-feira (9), que protestaram contra o corte bilionário no orçamento de mais de 100 instituições federais de ensino. Inicialmente estipulado em R$ 3,2 bilhões, o bloqueio foi reduzido para R$ 1,6 bilhão.
Mesmo assim, segundo entidades estudantis, de professores e de dirigentes de universidades e institutos federais, a redução dos recursos compromete o funcionamento do setor.
O contingenciamento é feito sobre despesas discricionárias, que incluem, por exemplo, gastos com manutenção predial, energia, limpeza e segurança, mas também pode afetar o pagamento de bolsas e auxílios a estudantes em situação de vulnerabilidade, que representam uma parte importante da comunidade.
"Esse corte é especialmente perverso porque além de inviabilizar que as instituições federais de ensino superior continuem funcionando ainda afeta os estudantes mais vulneráveis, que precisam de auxílio de permanência para continuar os estudos”, destacou a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz.
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No governo Bolsonaro, o orçamento da educação superior foi reduzido em 12% na comparação dos últimos quatro anos. Isso em termos nominais, sem contar a inflação. Até antes desse novo corte, as universidades federais teriam R$ 5,33 bilhões disponíveis para investimentos, manutenção e bolsas estudantis este ano, contra R$ 6,06 bilhões aprovados em 2019, primeiro ano do atual governo. Segundo a UNE, quando se compara o orçamento atual com o ano de 2010, a redução é de 37%.
Em Brasília, o ato reuniu cerca de 200 pessoas, entre estudantes, professores e servidores da UnB e do Instituto Federal Brasília (IFB).
"Sendo efetivados esses cortes, muitas universidades correm o risco de fechar as portas. Não é aceitável deixar que esses cortes passem", aponta a estudante Adda Luísa, integrante do Levante Popular da Juventude e coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB.
O ato também serviu para reforçar a posição contrária das entidades estudantis em relação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 206, que prevê a cobrança de mensalidades nas universidades públicas.
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Edição: Flávia Quirino