A federação PT-PV-PCdoB realizou, nesta terça-feira (21), uma coletiva de imprensa para apresentar os principais pontos do plano de governo para o Distrito Federal. A frente partidária tem como pré-candidato a governador o deputado distrital Leandro Grass (PV). A chapa também é composta pela professora Rosilene Corrêa (PT), que é pré-candidata ao Senado.
Os candidatos a vice-governador e a suplentes do Senado ainda não foram definidos porque os partidos aguardam o desfecho de negociações com outras siglas aliadas nacionalmente, como o PSB, o Solidariedade e a federação Rede-PSOL.
"Não se trata aqui apenas de posições partidárias e pré-candidaturas individuais, mas de um grande projeto para recuperar o Brasil. Esses partidos entenderam que, nesse momento, estamos diante de um contraste entre a barbárie e a humanidade, entre um caminho de cuidado com as pessoas, e o caminho de maus-tratos, de desprezo, especialmente com os mais vulneráveis", afirmou o distrital Leandro Grass.
Segundo ele, a ideia é ampliar essa aliança justamente no campo unitário que sustentará a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência da República.
"Estamos em diálogo com os partidos da frente nacional, em primeiro lugar. Essa frente nacional é formada não só pela nossa federação, mas também pelo PSB, pelo Solidariedade e também pela federação Rede-PSOL. Esse diálogo não terminou. A gente segue conversando com eles. Inclusive, a nossa federação deu prazo até o dia 27 para que, especialmente, o PSB se manifeste do interesse em coligar conosco, participar dessa construção. Queremos que seja uma aliança a mais ampla possível", acrescentou o pré-candidato ao Palácio do Buriti.
No cerne das propostas apresentadas pela federação, está o combate à miséria e a realização de profundas mudanças nos setores de saúde e de transporte, que são as áreas que mais recebem reclamações da população que vive na capital do país.
Diretora licenciada do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa defendeu a presença de mais mulheres na política, especialmente aquelas que tiverem compromisso com políticas públicas e sociais de educação, saúde e combate à violência.
“Precisamos muito de mais mulheres ocupando espaços de poder, na política. Esse é o grande desafio: ter mulheres que defendem a classe trabalhadora. Precisamos eleger parlamentares para caminharmos com Lula como presidente”, defendeu. A pré-candidata ao Senado ainda lembrou que nenhum país desenvolvido chegou nesse estágio sem investir em educação e prometeu priorizar essa bandeira em eventual mandato.
Renda mínima
Ao comentar sobre a situação caótica da assistência social do DF, Grass lembrou das filas de mulheres grávidas, idosos e pessoas com deficiência que vêm buscando atendimento para serem incluídas ou atualizarem informações no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico).
O pré-candidato afirmou que o plano de governo em construção prevê o retomada de um programa de renda mínima, com ampliação do benefício.
"Nosso projeto é o restabelecimento da renda mínima, que pode ser de R$ 400 a R$ 600, a gente está fazendo estudos técnicos nesse momento. Isso a gente quer aprovar no primeiro semestre. Cerca de 10% da população do DF não come porque não tem dinheiro pra comprar comida. E a responsabilidade disso é do governo Ibaneis e do governo Bolsonaro", afirmou.
A ideia é que os beneficiários do programa local não tenham que se cadastrar em diferentes programas para serem atendidos, como ocorre atualmente, em relação aos programas DF Sem Miséria e Cartão Prato Cheio. Grass também falou da necessidade de incrementar as contrapartidas da assistência social por parte da população, que é ter o filho matriculado na escola, cartão de vacina em dia, entre outras medidas de inclusão.
"Infelizmente, o governo Ibaneis deslocou a assistência pra uma perspectiva primeiro-damista, extremamente caritária, que não é a lógica da assistência", observou, numa referência à atual política na Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), comandada pela primeira-dama Mayara Noronha.
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Transporte
Sobre transporte, o pré-candidato a governador falou da ideia de oferecer um tipo de cartão para "prestigiar" os usuários frequentes do sistema de ônibus e metrô, que poderiam ter benefícios como circulação gratuita em determinados dias e horários, como finais de semana e período noturno.
"Temos hoje no DF uma situação de tarifa que não prestigia aquela pessoa que pega ônibus todos os dias. Esses usuário que todo dia pega não tem nenhum benefício e ele paga o valor da passagem cheia, todos os dias, como alguém quem pega de vez em quando. A ideia é que ele possa optar por um cartão com validade de uma semana, 15 dias, um mês ou mais, com vantagens. Isso acontece em diversas cidades pelo mundo e alguns municípios brasileiros", argumentou.
Grass também falou em rever os contratos do sistema de transporte que, segundo ele, só é bom para os empresários. O plano de governo, segundo ele, está recebendo colaboração direta das pessoas, pela internet, no site oficial do pré-candidato.
"A gente tem que fazer um choque de democracia participativa nessa cidade, escutando quem está na ponta, os trabalhadores, os servidores públicos, quem está no dia a dia vivenciando os problemas. Sem a participação social, sem esse choque de democracia, não tem como governar".
Saúde
Outro tema abordado durante a coletiva de imprensa foi a situação do sistema público de saúde, de longe o setor que mais tem causado insatisfação popular, além de colecionar escândalos recentes de corrupção. Perguntado como enfrentaria o desafio de melhorar a saúde do DF, que historicamente sempre foi problemática, Leandro Grass indicou que o foco é universalizar a atenção primária.
"Nada mais, nada menos do que implementar o SUS na sua essência, ou seja, investir em atenção primária. Trabalhar incansavelmente para alcançar 100% de cobertura da atenção primária, o saúde em casa, o agente comunitário de saúde fazendo visitas. Mais de 70% das resoluções dos problemas de saúde ocorrem na atenção primária".
Como a atenção primária foi esquecida pelo atual governo, na avaliação do pré-candidato, houve um processo de pressão sobre as unidades de média e alta complexidade, como os hospitais e as unidades de pronto atendimento.
"O governo deslocou toda a energia e os recursos da saúde para onde não resolve, e ainda deslocou de maneira corrupta e incompetente. Pela primeira vez tivemos um secretário preso no exercício da sua função, a saúde nunca esteve tão ruim", criticou Grass.
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Edição: Flávia Quirino