Um ato político e cultural, realizado no último sábado (26), marcou o lançamento dos comitês populares da reforma agrária no Distrito Federal, no Acampamento 8 de Março, em Planaltina.
O evento, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), contou com a participação de acampados e assentados de outros territórios do movimento na região do DF e Entorno, além de representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no DF, Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (Renap), Levante Popular da Juventude, além de lideranças políticas que devem disputar as eleições em outubro.
Os comitês populares são uma iniciativa encabeçada por movimentos que compõem a Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, a CUT, além e partidos políticos como o PT, o PCdoB e o PSOL. Projeto lançado em fevereiro, os comitês são espaços de diálogo direto com o povo, com objetivo de organizar e formar politicamente a população do bairro, do local de trabalho ou estudo.
A ideia é unir diferentes forças sociais para pensar, debater e encontrar caminhos para resolver problemas locais, mas também os problemas enfrentados por todo o povo brasileiro.
Integrante da direção nacional do MST, Alexandre Conceição apontou que as causas das crises no país são parte de um projeto de “guerra contra o povo” deflagrada pela pela captura do estado pelo capital. Ele pediu o engajamento dos agricultores da reforma agrária na construção de comitês populares em todas as áreas de assentamentos e acampamentos.
"Junto a outros movimentos e partidos, vamos seguir semeando o poder popular, organizando o povo em todo país". Para o dirigente, a eleição de Lula à Presidência da República é tarefa fundamental, mas será necessário manter os comitês em funcionamento para garantir que seja um mandato popular após o resultado das urnas. "A luta seguirá depois das eleições e seguirmos mobilizando o povo", acrescentou.
Com origem no MST, a drag queen Ruth Venceremos, pré-candidata a deputada federal pelo PT, defendeu um "processo de escuta" do povo, entender os efeitos da carestia dos alimentos, o alto preço dos combustíveis e o comprometimento de políticas públicas.
Meio ambiente
O produtor rural Flávio Cerratense, que vive no assentamento Canaã, na região de Brazlândia, defendeu o avanço da pauta da soberania alimentar. Ele é pré-candidato a deputado distrital pelo PSOL. “A agroecologia é principio da luta pela reforma agrária popular e conservar o meio ambiente, denunciar a degradação da região tão importante quando a Estação Ecológica das Águas Emendadas, que alimenta os rios mais importantes do país, está ameaçada pelo avanço do agronegócio e seu pacote de destruição por lucro a todo custo, que inclui veneno e trabalho escravo”, observou.
A estação foi criada em agosto de 1968 e abrange atualmente pouco mais de 5 mil hectares. O local é considerado estratégico e único por causa de um fenômeno natural em que, a partir de uma mesma vereda, vertem águas para duas grandes bacias hidrográficas do país, a do Rio Maranhão, que deságua no Rio Tocantins; e São Bartolomeu, que flui para a Bacia do Rio Paraná. A estação também possui um papel estratégico de preservação de diferentes espécies do Cerrado.
O pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Leandro Grass (PV), e a pré-candidata ao Senado, Rosilene Corrêa, também prestigiaram o evento de lançamento dos comitês populares da reforma agrária.
Evangélicos
O evento também marcou o diálogo ferramenta entre pessoas de fé evangélica, com o lançamento da cartilha Resistir com Fé, que faz uma análise sobre a realidade e a diversidade desse grupo religioso, como nas áreas e como dialoga com os comitês populares.
Edite Rocha, Assentada no Assentamento Pequeno William, pastora pentecostal, explicou que o voto evangélico é determinado por diversos fatores, mas todos dialogam, ainda que inconscientemente, com princípios do socialismo pregado por Jesus Cristo, embora "apagados em nome do dinheiro que crucifica o povo”.
"Temos que entender nosso povo e criar consciência de tudo que nos une no caminho pelo amor de Cristo”, afirmou Iracilda Reis, dirigente do assentamento Egídio Brunetto e pastora evangélica, que fez uma análise sobre a realidade e a diversidade do grupo religioso no país.
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Edição: Flávia Quirino