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Contra cortes na educação federal, greve no IFB entra na segunda semana 

Mobilização ocorre em todas as 10 unidades do instituto no Distrito Federal

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Manifestação de professores e estudantes do IFB na Rodoviária do Plano Piloto, na última sexta-feira (1º) - Paulo Cabral

A greve dos servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) entrou na segunda semana com um saldo de diversas atividades realizadas, incluindo panfletagens, rodas de conversa e manifestações.

O movimento, que começou no dia 27 de junho, luta principalmente contra os cortes no orçamento da educação federal, além de pedir a recomposição dos salários dos trabalhadores, congelados há pelo menos cinco anos.

Segundo o comando de greve, a mobilização ocorre em todos as 10 unidades (campi) do IFB, embora com graus variados de adesão. No campus São Sebastião, por exemplo, metade dos professores que lecionam no Ensino Médio técnico estão parados, 99% dos docentes de Pedagogia e 98% dos docentes de Letras. No campus Ceilândia, o curso de Letras está parado, assim como 50% dos docentes do Ensino Médio médio, além de técnicos. 

"No campus Recanto das Emas, a paralisação foi total, inclusive com 80% dos técnicos e todos os docentes do Ensino Médio. No campus Brasília (Plano Piloto), apenas poucos docentes do médio pararam, mas o curso superior de Dança entrou em greve, com estudantes bem agitados nas ações", relata a professora Camila Tenório, integrante do comando de greve e docente do IFB no campus de São Sebastião.

Ainda segundo ela, os cursos de Agroecologia e Biologia, no campus de Planaltina, paralisaram as atividades acadêmicas, além de 50% dos docentes do Ensino Médio e um grupo de técnicos. Os campi Gama e Samambaia não registraram paralisação, embora tenha havido algumas atividades de greve, como rodas de poesia e reuniões. No campus Riacho Fundo, alguns docentes e técnicos estão em greve, embora não se tenha uma percentual.

"Essa semana de greve serviu para intensificar as ações junto aos servidores e estudantes. Seguimos fortes e com atos na Esplanada nessa semana", destaca Paulo Cabral, docente do IFB no campus Planaltina e integrante do comando de greve.

Entre as atividades previstas esta semana, estão atos no ministérios da Educação e da Economia. No dia 8, uma nova assembleia dos servidores está prevista para avaliar a greve. A tendência é que as aulas sejam retomadas, a partir da semana que vem, mantendo-se o estado de greve.

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O IFB é uma instituição de ensino pública, integrante da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, da qual fazem parte outras 42 instituições de ensino federal profissionalizante, além de escolas técnicas vinculadas às universidades federais. Em todo o país, a rede conta com cerca de um milhão de estudantes e 60 mil servidores.

No DF, o IFB possui unidades (campi) localizadas no Plano Piloto (Brasília), Ceilândia, Estrutural, Gama, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião e Taguatinga. O instituto oferece 46 curtos técnicos integrados ao ensino médio e outros 21 cursos superiores.

Além da gratuidade dos cursos, o IFB oferece auxílio financeiro para permanência dos seus estudantes, dos quais 70% estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica alta. 

Cortes

Em maio, o governo federal anunciou um corte 14,5% no orçamento dos institutos e universidades federais. No caso do IFB, que tem orçamento aprovado de R$ 40,9 milhões, o corte retirava R$ 5,9 milhões deste montante, o equivalente ao orçamento anual de dois campi.

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No entanto, após pressão de entidades e estudantes, o Ministério da Educação reduziu o tamanho do corte, para 7,2%, o que mantém uma perda de R$ 2,9 milhões para o IFB, o equivalente ao orçamento anual de um campi. 

Além disso, considerando a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulada entre 2015 e 2021 (50,74%), em vez dos atuais R$ 2,3 bilhões, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica deveria contar com um orçamento mínimo deveria ser de 5,6 bilhões. No caso do IFB, o orçamento atual, de R$ 40,9 milhões, deveria ser de pelo menos R$ 60 milhões.

Salários

Professores e servidores técnicos dos institutos federais também demandam recomposição das perdas salariais acumuladas. Entre os professores, o salário não tem reajuste desde 2015.

No caso dos servidores, esse congelamento já dura mais de 7 anos, desde 2015. Por outro lado, só nos últimos dois anos, a perda salarial alcançou quase 19,99%, por causa da inflação. É justamente esse o reajuste pretendido pela categoria. 

O governo federal chegou a acenar com um aumento de 5% nos salários de todos os servidores públicos federais do país, mas acabou recuando e não dará mais aumento.

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Edição: Flávia Quirino