Desmonte do Estado brasileiro está a serviço de um projeto político de morte
As jornadas de lutas em defesa da Educação realizadas nas últimas semanas reforçaram mais uma vez a necessidade de mobilização em torno das pautas da educação pública no país. Professoras e professores de todo o país realizaram atividades ampliando o processo de mobilização em defesa da educação e contra os desmontes do Estado que vem sendo levado a cabo pelo governo Bolsonaro. Um projeto político que elegeu a educação e as universidades públicas como inimigas.
Os reflexos das políticas ultraliberais do governo de Jair Bolsonaro já apontam há bastante tempo para o caos na qual a população brasileira está inserida. No início de julho, a Organização Mundial das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apresentou um relatório que mede o estado da insegurança alimentar no mundo.
O documento aponta que o Brasil tem pelo menos 61 milhões de pessoas com insegurança alimentar, grave ou moderada, o que significa que três em cada dez brasileiros passam fome. Ou seja, o Brasil está, oficialmente, de volta ao mapa da fome. Uma realidade que remonta décadas passadas de um capítulo da história em que pensávamos que não voltaria.
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E como a volta da fome impacta na Educação?! Como impacta na vida de crianças, adolescentes e jovens? Como a fome prejudica o acesso e a permanência deste grupo no ambiente escolar e acadêmico? Quem pensa com fome?
Não é por acaso a realidade distópica que nos encontramos, é um projeto, como já afirmamos em outros textos, são ações orquestradas, programadas. Sucatear a Educação é também deixar o povo brasileiro com fome, fome de direitos e de conhecimento, fome de futuro. É negar ao povo, principalmente às gerações mais jovens, uma oportunidade de futuro em condições dignas de vida.
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Em uma das atividades da Jornada de Lutas, a professora do Instituto Federal de Brasília, Camila Tenório Cunha, exclamou que “quem tá na linha de frente da educação está vendo estudante com fome, estudante querendo desistir de estudar, está vendo um país de exclusão. A gente vê no chão da sala de aula a vida dos alunos piorar e a vida dos servidores públicos também”.
Ao passo que lutamos por educação pública e de qualidade, que lutamos por melhores condições de vida, nos impactamos com a desordem das ações do Governo Federal e de seus aliados que colaboram para a piora das condições de vida da classe trabalhadora.
A política de cortes no orçamento e de sucateamento da educação superior por parte do governo federal não abriu nenhuma possibilidade de negociação pela recomposição salarial de 19,99% para servidoras e servidores públicos. Professoras e professores de Instituições Federais de Ensino Superior estão há mais de cinco anos sem reajuste salarial.
Paralelo aos cortes orçamentários, o governo de Bolsonaro incentiva a prática de corrupção, como estampado nas denúncias que devem desembocar na CPI do MEC, aprovada no Senado, mas que só iniciará após o período eleitoral. Uma decisão um tanto curiosa do presidente do senador Rodrigo Pacheco. Mas é fácil fazer as contas e saber os motivos da CPI não iniciar os trabalhos de investigação imediatamente.
Esse mesmo governo, que durante todo o período da pandemia travou uma queda de braço para não pagar auxílio emergencial em um valor justo para a população mais impactada com as medidas de restrição, conseguiu na última semana a liberação de mais de R$ 40 bilhões de reais para auxílios e benefícios financeiros para esta população. Um feito importante, não fosse o contexto e as intenções eleitoreiras na qual está inserido.
Como diz Gilberto Gil e Caetano Veloso na música Divino Maravilhoso, “é preciso estar atento e forte”, porque nós estamos vivendo um desmonte do Estado brasileiro a serviço de um projeto político de morte.
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*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Flávia Quirino