Acontece em Brasília, desde 27 de junho, o Festival Internacional de Cultura de Periferia Favela Sounds. O evento tem oferecido oficinas, debates, atividades voltadas ao sistema socioeducativo, shows, entre outras atividades e encerra neste sábado (30) com show de Jorge Aragão e Rebecca.
Segundo o idealizador do Favela Sounds, Guilherme Tavares, a proposta vai além da festividade e do desenvolvimento da cultura periférica.
"A ideia é trazer grandes referências da criatividade brasileira para a capital para que estes possam partilhar experiências e eventualmente gerar oportunidades para artistas e negócios de favelas do DF. Queremos ver as periferias voando alto, e toda sua produção criativa ganhando novos espaços no Brasil e no mundo", revela Guilherme.
O festival acontece no Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios, e além de concentrar shows, abriga também o projeto Favela Talks, o primeiro ambiente de mercado voltado exclusivamente à criatividade periférica, com oficinas, talks, showcases e rodadas de negócio para a música de periferia do DF, LAB de Mentorias e Bancas de Ideias para negócios criativos periféricos da cidade.
Neste espaço acontecem diálogos com profissionais da cultura da periferia de variados locais do país. Foram debatidos temas como "Narrativas periféricas em alta - furando a bolha do mercado" e "Quantas quebradas habitam o pop?".
Nomes como Bia Nogueira, multiartista e pertencente ao Coletivo Imune de Belo Horizonte, e Ruxell, um dos mais requisitados produtores musicais da atualidade por lançar hits como "Pesadão" da cantora Iza, passaram pelo Favela Sounds.
"A gente precisa falar em sustentabilidade porque tem haver com o se manter artista. A música preta sempre foi a música brasileira. A MPB e a música POP são pretas, porém só que quem conseguia furar a bolha com muita frequência eram os artistas brancos fazendo música preta. A música produzida pela periferia está chegando, mas ainda são casos isolados. Temos que pensar em políticas públicas que fomentem a sustentabilidade e a monetização desses artistas e dessa cadeia. Cobrar do Estado que a arte produzida na periferia e também nos interiores e nos rincões do Brasil sejam assistidos por políticas sólidas", destaca Bia Nogueira.
Já Ruxell fala neste sábado (30) sobre a trajetória artística e como a arte periférica influencia Pablo Bispo e ele, ambos artistas da Inbraza, selo pop da Som Livre.
"Vamos conversar sobre como conseguimos sair de onde morávamos. O Pablo em Bangu e eu na Taquara, no Rio de Janeiro, como conseguimos bastante sucesso com músicas grandiosas pelo Brasil e pelo mundo. Falaremos um pouco da inspiração e de como lidamos com a questão social unida ao lado criativo da música, e ao mesmo tempo com o lado político. Vamos abordar também a questão um pouco mais a fundo sobre como converter a arte periférica e tornar isso um produto mainstream", diz.
Mas e o "mete dança"?
Segundo Guilherme Tavares, a curadoria da programação musical do Favela Sounds busca os ritmos que habitam as ruas do Brasil, pesquisam os movimentos musicais originários das periferias de todo o país.
"A ideia é reunir talentos de quebrada, de diferentes estilos e territórios, em ascensão na música brasileira. A capital do país, mais especificamente no território da Esplanada dos Ministérios, é o cenário escolhido para fazer ecoar as urgências da juventude periférica. E dá certo. A mistura de estilos faz sentido porque por trás de cada artista, por diferentes entre si que sejam, há uma identidade construída nas periferias, transcendentes a territórios", afirma.
Nos palcos do Festival, o público poderá assistir aos show de MC Rebeca, Criolo, Jorge Aragão, Cesar MC, Ruxell, Marley no BEAT, N.I.N.A, Rachel Reis e O Poeta e mais 22 shows programados para o baile Favela Sounds.
Cesar MC estava empolgado para o primeiro show dele no Distrito Federal. "É uma alegria enorme somar voz com esses artistas incríveis. Sem contar que o Favela Sounds exprime sensibilidade para com a periferia e com a voz periférica. Com a voz que comunica com gente como a gente. Traz uma pluralidade de artistas com mensagens que de fato comunicam com a favela e me trazem um senso de pertencimento muito grande", apontou.
Ônibus garantido
O festival providenciou ônibus gratuitos para levar e buscar o público. O horário de partida está programado para às 17h. As localidades de onde sairão os transportes: Taguatinga (Praça do Relógio), Samambaia (Estação Furnas), Gama (Bezerrão), Sobradinho (Estádio Augustinho Lima), Planaltina (Rodoviária de Planaltina), Ceilândia (Praça do Cidadão), São Sebastião (Skate Park), Valparaíso de Goiás (Praça da Etapa A), Santa Maria (Administração Regional) e Recanto das Emas (Administração Regional).
Mas é possível também assistir ao festival sem sair de casa através do canal do evento no Youtube de 17h às 04h da manhã nos dias 29 e 30 de julho.
Programação Completa
29 de julho (sexta)
18h: Realleza (DF)
18h45: La Bonita (DF)
19h15: Sued Nunes (BA)
20h: UMiranda (DF)
20h30: César MC (ES)
21h25: DJ Donna (DF)
22h20: Criolo (SP)
23h50: Cleiton Rasta (AL)
00h30: N.I.N.A (RJ)
01h20: v1no (DF)
02h: Baile do Marley - Marley no Beat convida UANA, Rayssa Dias e Gui da Tropa (PE)
30 de julho (sábado)
17h30: Ediá (DF)
18h15: DJ Ketlen (DF)
18h45: Rachel Reis (BA)
19h45: J4K3 (DF)
20h35: Jorge Aragão (RJ)
22h05: Paulilo Paredão (BA)
22h45: Guitarrada das Manas + Leona Vingativa (PA)
23h35: kLap (DF)
00h15: O Poeta (BA)
01h15: Ruxell (RJ)
02h10: Rebecca (RJ)
Serviço – Favela Sounds O Baile
29 e 30 de julho
Horários: 17h às 04h
Transmissão ao vivo
Canal de Youtube do Favela Sounds
Local: Praça do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios)
Entrada franca com retirada de ingressos no sympla
Classificação indicativa: 18 anos
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Edição: Flávia Quirino