No Brasil, este “apodrecimento” é notado pelos constantes ataques feitos pelo governo ao STF
Às vésperas do processo eleitoral que definirá as novas lideranças políticas do Brasil, a tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, escancara ainda mais a escalada da violência, da intolerância e de atentados contra a democracia.
Apesar do crime ter ocorrido na Argentina, o caso diz muito sobre o sentimento que boa parte do mundo vive hoje, movido por discursos de ódio; por leis que pregam a intolerância e contra sentimentos de pacificação, de ponderação e de respeito às divergências e ao contraditório; além do discurso de líderes políticos que fomentam o terrorismo e o autoritarismo.
Como maças podres em um cesto, pessoas, grupos e organizações criminosas com este perfil têm comprometido a sociedade, ameaçando o Estado democrático de direito no Brasil e no mundo.
No Brasil, este “apodrecimento” é notado pelos constantes ataques feitos pelo governo de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF); ao sistema eleitoral brasileiro; à tentativa de golpe de Estado em caso de derrota nas urnas; ao ataque sistemático às minorias e à imprensa; o culto à ditadura militar, além de outros mecanismos que Bolsonaro e seu clã têm adotado para disseminar sentimentos como o que vimos em Buenos Aires.
A política armamentista implantada no Brasil nos últimos anos é mais um capítulo dessa novela que deve ser analisado com cuidado. O acesso mais fácil a armas amplia as chances de casos como o que aconteceu na Argentina e de um possível golpe de estado em caso de derrota do atual governo no processo eleitoral acontecer.
Segundo pesquisa, em três anos o Brasil chegou a 46 milhões de permissões para a compra de armas. A política foi propalada como um direito à defesa da população, mas ao contrário do que prega Bolsonaro, a cada dia a violência, a discórdia, a intolerância e o ódio aumentam, se espalhando pelo país inteiro.
O culto à violência defenestrado pelo governo federal tem proliferado de forma assustadora, sentimentos estimulados por um discurso odioso que encontra na violência, no desrespeito à democracia e na coação, a solução para os mais diversos tipos de problemas que o país passa atualmente.
Ao contrário da luta por um país melhor, mais justo e contra a corrupção, o que esses grupos nazifascistas, neoliberais e de ultradireita querem é impor o medo e o desrespeito como base para esta suposta sociedade.
Não permitiremos que exemplos como de Marcelo Arruda, militante do PT covardemente assassinado durante uma festa de aniversário em Foz do Iguaçu, se torne uma constante, e que nosso direito à democracia seja abafado pelo grito da intolerância.
Continuaremos lutando por um discurso apaziguador, pelo respeito às divergências e ideologias políticas, e que o povo seja o único protagonista das eleições de 2022. O que precisamos é de união pelo Brasil, não de uma divisão cercada por sangue e lágrimas.
Mesmo assistindo com preocupação e repúdio o crescimento exorbitante de ações terroristas e autoritárias de grupos oportunistas que não querem respeitar as divergências e a diversidade, o amor e a esperança vencerão.
Voltaremos a ter um Brasil mais igualitário, mais justo e com um povo feliz. A bravata regada ao ódio será derrotada nas urnas.
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* Cláudio Antunes: professor da rede pública de ensino e diretor do Sinpro-DF.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.
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Edição: Flávia Quirino