Agora é nossa vez de ficarmos independentes do fascismo legitimado pelo chefe do Poder Executivo
No teatro dizemos "merda" para desejar boa sorte antes de entrar em cena, uma expressão cunhada pelos franceses, colonizadores de países em quase todos os continentes.
Como todos sabemos, o Brasil foi colonizado pelos portugueses, e teve sua independência às margens do Ipiranga enquanto Dom Pedro fazia merda, literalmente. Terá sido um desejo de boa sorte ao Brasil entrando em cena como uma nação independente?
Neste dia 07 de setembro comemora-se, então, 200 anos da separação entre Brasil e Portugal. E ao que parece, além da dívida externa para bancar essa tal independência e outros saques ao nosso patrimônio material e imaterial, herdamos um ranço dos portugueses que se traduz nas piadas xenofóbicas.
Em 2016, durante a montagem do espetáculo Bendita Dica, convidamos o músico acordeonista lusitano Sérgio Rodrigues para executar a trilha sonora do espetáculo ao lado de outros dois músicos egressos do Sistema Socioeducativo. Durante a curta convivência com nosso companheiro português, entendemos que as piadas não fazem sentido não só pelo motivo óbvio de intolerância, mas também pela falta de compreensão da lógica de quem é diferente de nós.
Nesse mesmo ano, o Brasil viveu - e vive até hoje as consequências - o Golpe contra a ex-presidenta Dilma, aos gritos de uma onda verde e amarela querendo a independência do país do comunismo, um comunismo criado pelo delírio do gigante que acordou pela própria natureza, nada belo ou forte, talvez impávido. Tiveram e têm coragem de fazer merda, dessa vez nem como boa sorte nem literal.
Agora é nossa vez de ficarmos independentes do fascismo legitimado, todos os dias, pelo chefe do Poder Executivo. E assim voltar a ter orgulho da bandeira nacional independente de qualquer coisa, ou da coisa, daquela coisa. Desejamos merda a todes!
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*A Cia Burlesca é uma companhia de teatro político do Distrito Federal.
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato DF.
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Edição: Flávia Quirino