Distrito Federal

Cultura negra

Festival Yalodê celebra a mulher negra neste fim de semana

Museu Nacional receberá shows de ritmos variados, nos dias 17 e 18, a partir das 19h, com entrada gratuita

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Festival Internacional de Cantoras Negras acontece neste sábado e domingo - Foto: Davi Mello

Os residentes do quadradinho e quem estiver em visita a capital do país poderão se divertir e celebrar as memórias e conquistas das mulheres negras por meio da arte com o Festival Yalodê que será realizado nos dias 17 e 18 de setembro, no Museu Nacional, a partir das 19h, com entrada gratuita.

A programação oferece atrações musicais de ritmos variados e promete promover um encontro de gerações com os shows de Nêssa e -Margareht Menezes que será no domingo (18), a partir das 21h. Os ingressos podem ser retirados pelo sympla.

Segundo a idealizadora do festival, Sara Loiola, a mulher negra é o centro da narrativa desta celebração. "Em 2022, depois destes anos de pandemia, mais do que nunca precisamos celebrar nossas memórias, existências e produções", afirma.

Teresa Lopes, sambista, que se apresenta no domingo (18), às 22h, em duo com Fabiana Cozza, destaca que “a cultura é um instrumento de luta do povo negro e das mulheres em especial. O Yalodê é um momento de reafirmação da nossa cultura, de ocupação de espaço na cidade, mas também de celebração do quanto já avançamos e ainda teremos de avançar”.

De acordo com a organização do evento, setembro foi o mês escolhido para o Festival para anunciar a chegada da primavera. “A primavera é a estação da volta das chuvas, das cigarras e das flores. Época importante e necessária para revigorar e continuar nossa luta contra as injustiças sociais, nossa luta enquanto mulheres negras por direitos e mais espaços nas manifestações culturais”, observa Teresa Lopes.

“A primavera que anunciará os novos tempos está nas mãos e no canto das mulheres negras e das mulheres indígenas. Este festival, acredito, é sobre essa potência do feminino na cultura brasileira como forma de existência” afirma Fabiana Cozza, cantora, escritora e intérprete brasileira.

No domingo (18) também se apresenta a rapper capixaba, Afronta MC. “Eu estou super animada para viver esse momento. Nunca viajei para um lugar tão longe. Estou tendo a oportunidade de subir num avião pela primeira vez e tudo através da potência do meu trabalho e da minha equipe. Fico muito feliz de ver que a potência de travestis e pessoas pretas está sendo reconhecida e celebrada no Yalodê. Me sinto honrada em participar levando minhas rimas cheias de vivência e mensagens de força para um local onde considero muito importante estar”, comenta.

Mesmo com toda a potência da festa, Sara Loiola explica que produzir cultura de forma independente não é fácil. Nem mesmo com as possibilidades de editais e leis de incentivo, e muito menos, por o tema da mulher negra hoje parecer estar em maior evidência.

“Essa realidade é muito distante da cena da produção cultural independente. Ainda lutamos muito para colocar nossos projetos na rua, o que é uma pena, pois as produções negras são as potências deste país. Qualquer espaço com mulheres negras jogando em diversas posições é um espaço político e educacional, sobretudo, em um momento em que a cultura brasileira tem sofrido tantos ataques ”, diz. 

Outro ponto sobre as dificuldades em produzir cultura é levantado pela rapper Afronta MC. “Sinto por vezes uma dificuldade de me integrar pelo fato da transfobia e do racismo dentro da indústria cultural serem muito fortes. O Yalodê me traz a confirmação de que estou no caminho certo em continuar acreditando no meu trabalho artístico. É a realização de um sonho poder viajar falando sobre a minha realidade e de outras travestis pretas. É a concretização do poder da voz de uma trava capixaba”, reflete.

Shows

Além do show duo de Teresa e Fabiana, o Festival apresentará outro feat com as cantoras Nêssa e Margareth Menezes. Se apresentarão ainda, a rapper Afronta MC no domingo (18), às 20h, Mayra Andrade, cantora cabo-verdiana, que também estreia pela primeira vez nos palcos da cidade, no sábado (17), às 23h40, Indiana Nomma, também no sábado (17), às 21h40, entre outras.

Sara resume o festival e faz um alerta. "Yalodê é sobre mulheres que são lideranças em suas comunidades. Tento conceituar isso em muitas camadas do Festival. Desde o artístico, às equipes e parcerias. Somos a materialização das utopias das nossas mais velhas, mas precisamos nos responsabilizar pela construção de novas utopias. Ouvimos falar muito em ancestralidade, mas estamos realmente trabalhando para sermos ancestrais potentes?”

Programação

Dia 17 Setembro I Sábado

19h - DJ Naju (DF) 

20h -  Cris Pereira (DF) 

20h30 - Bia Nogueira (MG)

21h40 - Indiana Nomma (Honduras/Brasil)

22h40 - Margaridas (DF)

23h40 - Mayra Andrade (Cabo Verde) 

1h30 - DJ Kashuu (DF) 

Dia 18 Setembro I Domingo

19h - DJ Naju (DF)

20h - Afronta MC (ES)

21h - Nêssa feat. Margareth Menezes (BA/BA)

22h - Teresa Lopes feat Fabiana Cozza (DF/SP)

23h - DJ Janna (DF)

Serviço

Yalodê - Festival Internacional de Cantoras Negras

17 e 18 de setembro de 2022

Horário: A partir das 19 horas

Local: Museu Nacional da República

 Ingressos gratuitos, retirada no Sympla

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Edição: Flávia Quirino