Distrito Federal

Eleições 2022

Transporte público: veja as principais propostas das candidaturas ao GDF

Propostas incluem tarifa-zero; modernização; monotrilhos e até estatização do sistema

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Veículos lotados, altas tarifas e longas distâncias são dramas de usuários do transporte no DF - Giorgia Prates

Locomoção e mobilidade urbana são dois dramas para quem vive nas capitais brasileiras. Grandes distâncias, carência de meios públicos de transporte e tarifas incompatíveis com a renda dos usuários são apenas alguns dos problemas que os moradores de grandes cidades vivem no Brasil.

Na Capital Federal a distância entre as regiões administrativas – onde se concentra a maioria dos trabalhadores, e o Plano Piloto, onde geralmente trabalham – expõe ainda mais as deficiências do transporte público e o desrespeito com os usuários.

Moradora de Samambaia, Sandra Garcia (25), precisa fazer todos os dias um trajeto de mais de duas horas em um ônibus cheio para poder chegar e voltar do trabalho. “Entro de manhã no ônibus já lotado, viajo em pé por mais de duas horas e para voltar, à noite, já cansada do serviço, é o mesmo drama. Já pensei em largar o serviço”, reclama.

O Distrito Federal tem uma das tarifas mais caras do Brasil. O sistema de transporte público não dispõe de linhas de ônibus 24 horas e não existem linhas diretas que liguem todas as regiões administrativas.

Para piorar, a relação entre empresas de transporte e o Governo do Distrito Federal (GDF) soa sempre como suspeita. O sistema é público mas todas as prestadoras do serviço são privadas.

Dados disponíveis no Portal da Transparência mostram que até o mês de agosto deste ano, o GDF já havia empenhado um total de R$ 774,5 milhões a título de repasse às empresas para custear a tarifa técnica. Desse total, R$ 767,7 milhões já foram pagos às empresas.

Em maio, a Câmara Legislativa do DF já havia aprovado crédito suplementar de R$ 504,8 milhões, totalizando os atuais R$ 774,5 milhões. É provável que o governo Ibaneis tenha que solicitar uma outra suplementação de crédito até o fim do ano, para honrar os pagamentos devidos.

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Nessa esteira, as propostas voltadas para o transporte público, locomoção e mobilidade urbana devem ser observados com atenção pelos eleitores do DF.

O Brasil de Fato examinou os planos de governo das candidaturas, registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para destacar as principais propostas quanto ao tema.

Propostas oficiais sobre transporte público das candidaturas ao Governo do Distrito Federal:

Ibaneis Rocha (MDB)

Muito embora o sistema de transporte público tenha experimentado um sucateamento durante a gestão de Ibaneis Rocha, o governador e candidato à reeleição propõe montar uma fábrica de projetos integrados com diversos setores (sem destacar quais), com execução privada e coordenação, gestão e compatibilização dos órgãos públicos correspondentes.

O plano destaca ainda: destravar a legislação para obter todas as licenças para execução dos projetos nos menores prazos possíveis; implantar sistema de monitoramento para garantir a manutenção (conservação e restauração) contínua de pontes, viadutos, passagens de pedestre, calçadas e demais estruturas instaladas no DF, com vistas à promoção da acessibilidade e segurança da população.

Para o sistema viário, a proposta é construir, implantar, ampliar, duplicar e pavimentar viadutos e vias para facilitar o escoamento do tráfego urbano.

Izalci Lucas (PSDB)

O plano de governo do candidato prevê a revisão do PDTU (Plano Diretor de Transportes Urbanos), alinhando os investimentos públicos às prioridades de utilização de transporte sobre trilhos e transporte público coletivo.

Keka Bagno (PSOL)

As propostas de Keka Bagno para o transporte público no DF são: ampliação da tarifa zero para desempregados(as), trabalhadores(as) informais e em linhas que atendem as regiões administrativas com menores índices de mobilidade urbana; tarifa reduzida e aumento do horário de funcionamento do transporte aos finais de semana, além de integração efetiva com os ônibus do entorno; novos corredores exclusivos para ônibus; implantação de linhas de VLT a partir de estudos de demanda, "priorizando regiões mais populosas e com maior fluxo de pessoas, como Taguatinga, Ceilândia, Guará e Plano Piloto"; reorganização das linhas de ônibus, aplicação de medidas de combate ao assédio e preconceito racial e contra mulheres e pessoas LGBTQIA+ no transporte público do DF.

Leandro Grass (PV)

O candidato apoiado por Lula (PT) ao governo do Distrito Federal, Leandro Grass, propõe fazer uma “revolução no transporte”. Para isso, ele quer implantar novo modelo de gestão pública e operação do transporte para que o DF e as cidades vizinhas tenham um sistema eficiente e transparente e com redução da emissão de carbono, no qual os preços das passagens possam diminuir progressivamente, rumo à tarifa zero.

Grass também quer criar o ‘Bilhete Ir e Vir’, com viagens múltiplas e sem limite nos ônibus e no metrô, sem acréscimo de valor para passageiros habituais.

“O direito de ir e vir com segurança e qualidade demanda um sistema de mobilidade robusto e justo, fortalecendo a mobilidade ativa (pedestres e ciclistas) em articulação com modais de transportes de média e alta capacidade (ônibus, BRT, VLT e metrô). A livre circulação das pessoas, por motivo de trabalho ou lazer, requer um sistema integrado que possibilite aos usuários de transportes públicos a garantia de expressiva redução do tempo gasto em deslocamentos”, destaca o plano de governo.

O documento destaca ainda que os modais de transporte coletivos e públicos de média e alta capacidade precisam ser priorizados a um custo justo para a circulação das pessoas, seja por motivos de trabalho ou lazer. Trata-se do direito de ir e vir nas cidades e espaços do Distrito Federal.

Leila do Vôlei (PDT)

O plano de governo de Leila destaca a expansão e a manutenção das ciclovias e a recuperação de calçadas. As atuais concessões de transporte deverão ter os contratos analisados. A candidata propõe expandir o metrô com a construção de novas estações em Ceilândia e Samambaia, Asa Norte, Santa Maria e Gama, além de um monotrilho para Sobradinho, interligando com terminal de integração Asa Norte. Outra medida é a criação de um ramal ferroviário de passageiros ligando Luziânia à Rodoferroviária e a recuperação do projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Lucas Salles (DC)

No plano de governo, Salles destaca que o monotrilho seria o meio mais viável para os problemas de transporte público do DF. Segundo ele, é necessário recuperar o metrô e construir terminais com estacionamento para carros, motos e bicicletas, com pontos de apoio para banhos e guarda-volumes.

Paulo Octávio (PSD)

O ex-governador propõe ampliar as linhas de ônibus, com monitoramento por GPS pelo usuário, além de integrar o transporte público entre as cidades do entorno e o DF, e instituir o bilhete único por período de uso. O candidato diz ainda que vai finalizar as estações de metrô, expandir o ramal Ceilândia interligando com a BR-070 e integrado com o sistema de transporte coletivo do Entorno.

Outra proposta é o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) oeste, do Recanto das Emas ao Sol Nascente, passando pelo Riacho Fundo, Taguatinga e Ceilândia. Outra medida é construir o anel viário para desafogar o trânsito das principais vias, além da ampliação das ciclovias e a conexão com outros meios de transporte.

Robson Silva (PSTU)

O candidato propõe e estatizar o transporte público e assim gerir os recursos e as linhas de maneira a atender as necessidade da população. Sem a necessidade de gerar lucro, Silva acredita que poderá garantir a tarifa zero no transporte público.

Entre outras propostas para a área estão: auditoria nas contas e contratos das empresas que prestam o serviço e confiscar o bem dos seus sócios para garantir ressarcimento aos cofres públicos; redução de 50% nas tarifas e criação de um plano para chegar à tarifa zero até 2024; integração com bilhete único; concurso público para o metrô; passe-livre estudantil sem qualquer restrição de linhas e números viagem por dia, inclusive no período de férias escolares; reativação da linha de trens entre Luziânia e o Plano Piloto para transporte de passageiros, sob controle do Metrô-DF; obras viárias para implementar ciclovias e ciclo faixas em todas as regiões administrativas; criação linhas expressas de eletrobus, VLP e VLT ligando Planaltina, Sobradinho, Ceilândia, Samambaia e Taguatinga à rodoviária do Plano Piloto.

Téo Cruz (PCB)

O candidato também propõe estatização do sistema de transporte público do DF com tarifa zero; realização de concursos públicos para fortalecer a TCB e o metrô e ampliar a malha de transportes sobre trilhos para todo o Distrito Federal, com integração e funcionamento 24 horas.

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Edição: Flávia Quirino