Entre os dias 02 a 11 de dezembro acontece em Brasília, o 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena, primeiro do gênero a ser realizado na capital do país e que pretende dar vazão a obras cinematográficas e da cultura dos povos indígenas do Brasil.
Idealizado por Takumã Kuikuro, um dos cineastas mais representativos de sua geração, o Festival tem como tema “Como você cuida da sua aldeia?”. Segundo a produção do evento, esse tema pretende refletir sobre o cuidado e a regeneração como elementos éticos da relação com o espaço em que vivemos e procura indagar aos visitantes da mostra sobre como coexistir no mundo de hoje, criar possibilidade de relação com o humano e o não humano e a como incentivar outras potências de viver.
Com a mostra, Takumã diz que pretende ainda, promover encontros e a formação de novos públicos, e que, os realizadores dessa arte sejam incentivados e reconhecidos em uma premiação.
A agenda de programação do Festival conta com laboratório de finalização de projetos, uma mostra paralela e outra competitiva. Para participar da mostra competitiva as inscrições estão abertas até o dia 25 de setembro e podem ser realizadas pelo site do Festival. Entre os critérios de seleção estão que os filmes podem ser no estilo curta, média e longa-metragem e deverão ter sido produzidos entre 2019 e 2022, podendo a mesma autoria inscrever mais de um filme. A principal orientação é de que a pessoa que realiza o filme seja residente no Brasil e que a direção, produção ou roteiro tenha sido realizada por indígenas.
As obras selecionadas para serem exibidas durante o Festival receberão cachê e os filmes vencedores da competição serão premiados nas categorias "Melhor Filme pelo Júri Técnico" e "Melhor filme do Júri Popular". Haverá ainda premiação especial com a entrega do troféu Tamakahi para o "Melhor Roteiro", "Melhor Direção" e "Melhor Fotografia'' patrocinada pelo Instituto Alok, apoiador da iniciativa.
Laboratório
Takumã Kuikuro explica que foram escolhidas três propostas de realizadores indígenas para participarem do laboratório de finalização de projetos. As obras escolhidas foram “Afluências” de Iasmin Soares, “Terra sem pecado - Transversal” de Marcelo Cuhexê Krahô e “Oré Payayá” de Edilene Payayá, Sarah Goes da Silva e Alejandro Zywica.
"Os realizadores escolhidos virão a Brasília para editar os seus filmes com consultores do FeCCI. A finalização do filme é um desafio para muitos produtores independentes, pois envolve custos e a participação de outros profissionais. O Lab é voltado para auxiliar o aprimoramento do projeto de curta-metragem, com mentores que vão apoiar caminhos e processos criativos no momento da edição. Os projetos finalizados serão exibidos na programação do FeCCI em dezembro", diz.
Mostra Xingu
As atividades do Festival foram iniciadas nos dias 17 e 18 de setembro, no Alto do Xingu, com a Mostra Xingu que reuniu cerca de 400 pessoas, dos povos Kuikuro, Kalapalo e Wauja e exibiu as obras ganhadoras de vários prêmios “A Última Floresta” e “O Território”. Durante o evento, Takumã Kuikuro comentou sobre a importância de se aldear o cinema e multiplicar a arte audiovisual dos povos originários.
“Nós realizamos essa mostra para que a gente possa mostrar [o cinema indígena] para o público indígena da aldeia, que nunca tiveram a oportunidade de ir a uma sala de cinema, porque isso é importante para a gente mostrar realmente nossa própria realidade. Nós temos uma riqueza, uma cultura, dentro da nossa aldeia. [O cinema] é uma ferramenta importante para que nós possamos realmente lutar junto com as lideranças, através do audiovisual […] Cada vez mais, a gente tem que se tornar protagonistas de nossas próprias histórias”, reforçou Takumã.
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Edição: Flávia Quirino