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Pior que tá não fica?

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"Manter a mesma configuração do parlamento atual é entregar o orçamento do país para a máfia do Centrão." - Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
O Congresso Nacional pode piorar sim, como já piorou sucessivamente

Desde o famoso bordão do Tiririca nas eleições de 2010, muita coisa piorou sim. E piorou com força. Maldito seja o palhaço. Nos deu falsas esperanças e hoje arma picadeiro com o presidente no maior circo da história deste país. De lá pra cá foi um 7 x 1 todo ano.

Não meu querido leitor, a humilhação na semifinal da Copa do Mundo no Brasil não abriu as portas do inferno: foi a ousadia do Tiririca em desafiar a nova Década Perdida. Doze anos depois me pergunto: será que pior que tá, não fica?

E pra piorar depende só da reeleição do Tchutchuca? Não. Ficando só no plano político, já que nossa vida depende de um bocado de coisas mais, o Congresso Nacional pode piorar sim, como já piorou sucessivamente. O “Congresso mais conservador desde 1964” em 2014, ficou ainda mais fascistinha em 2018.

Manter a mesma configuração do parlamento atual é entregar o orçamento do país para a máfia do Centrão. O Lira, presidente da Câmara, aprimorou os métodos perversos de Eduardo Cunha através do Orçamento Secreto, por exemplo. A governabilidade atual não é baseada em um programa, mas num balcão de negócios da famiglia Bolsonaro. Mesmo com Lula eleito, sua plataforma política, seus programas e projetos não seriam aprovados. Seriam engavetados e o governo implodido com pautas bomba, como fez Cunha com Dilma. Um governo ingovernável, pelo ódio de uma oposição sem escrúpulos e sem projeto de nação, mas com um ganancioso projeto de poder. Pelo voto, ou pela bala, como os bolsonaristas mesmos dizem.

Com ⅓ do Congresso, é possível pensar em uma Reforma Política. Vamos sonhar. Imagine uma "lista fechada", não a proposta na reforminha de 2017 para apresentar nas urnas os candidatos prioritários de cada partido. Nessa reformulação da polêmica ideia de lista fechada, o voto no legislativo estaria condicionado a duas listas limitadas de candidatos: uma no nível estadual e outra no federal, dentro do guarda-chuva de uma aliança política. Um eleitor só poderia votar em candidatas e candidatos da mesma aliança de sua escolha para o governo executivo. Os partidos seriam induzidos a se posicionarem. O programa majoritário teria uma representação proporcional no parlamento.

Por exemplo, se o presidente eleito tiver 45% dos votos no primeiro turno, a aliança de partidos em sua base no Congresso teria uma proporção equivalente. Mas também permitiria a mesma eleitora votar em outra frente ou coligação no nível estadual, pois não dá pra negar que são realidades políticas e eleitorais diferentes, ainda mais num país de escala continental como o Brasil. Não é censura, é uma proposta, um esforço pela educação política do eleitorado e pela diminuição do número de partidos de aluguel, que são agremiações de políticos profissionais sem programa e sem vergonha na cara. O Brasil não precisa de 32 partidos.

A solução não é simples. Não há super heróis nessa jogada. Mas não é pra desesperar colega. Saber que pode piorar, é sabedoria.

Se você lembrar daqui dois anos em quem votou para deputada federal e estadual nessas eleições, já é um avanço. Antes da tão sonhada reforma do sistema político, a mudança começa com seu voto consciente e sua capacidade de influenciar pessoas no seu bairro, no seu trabalho, na internet, onde você puder. Se a base legislativa do Bolsonaro está achando ruim a previsão de vitória do Lula em todas as pesquisas confiáveis, imagine sem a mamata de uma vaga no Congresso.

É Tiririca, pode ficar pior sim. Pra você e sua laia.

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*Diego Ruas é escritor, designer e engenheiro florestal.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino