O valor investido nas candidaturas de pessoas brancas no Distrito Federal é 40% maior que os recursos destinados às candidaturas de não-brancos. Os dados são do Monitor das Desigualdades Raciais nas Eleições de 2022 – o painel é uma iniciativa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa).
Os números, obtidos a partir de informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que os candidatos autodeclarados brancos no DF receberam, no total, R$ 80,6 milhões (mi), enquanto os pretos, pardos e indígenas receberam apenas R$ 48,9 mi.
Em média, cada candidato branco recebeu cerca de R$ 204 mil para investir na campanha; já os candidatos negros receberam menos da metade disso, cerca de R$ 100 mil.
Abismo
As desigualdades ficam ainda mais acentuadas quando se inclui o recorte de gênero na análise. A diferença entre o que é investido nas candidaturas de homens brancos é mulheres negras é de quase 70%. Os recursos destinados aos homens brancos foram no total de R$ 48 mi, enquanto para as mulheres negras não chega a R$ 15 mi (R$ 14,7).
Já as candidaturas de mulheres brancas no DF receberam um total de R$ 32,5 mi até o momento; mais até que os recursos destinados às candidaturas dos homens pretos, que receberam investimentos de R$ 31 mi.
Ao se calcular a média é possível observar que cada candidata branca recebe, em média, R$ 222 mil para investir na campanha; mais até que os homens brancos, que ficaram com R$ 193 mil. Neste recorte, elas parecem privilegiadas porque o número de mulheres concorrendo é bastante inferior ao de homens – o que puxa a média para cima.
As diferenças voltam a ficar escancaradas quando se inclui homens e mulheres negras na equação. Homens pretos, pardos e indígenas receberam em média R$ 108 mil, enquanto as mulheres nas mesmas condições de raça contam com apenas R$ 102 mil.
Monitor
O Monitor das Desigualdades Raciais nas Eleições foi criado para aferir as desigualdades raciais nas eleições de 2022. Os dados do Monitor das Desigualdades são obtidos a partir de “raspagens semanais” do sistema DivulgaCand, mantido pelo TSE. Os criadores do monitor ressaltam que, como os dados dependem da declaração de recursos recebidos e gastos por cada campanha, eles devem ser lidos e interpretados como estimativas parciais não consolidadas.
Além da busca por estados, a ferramenta permite filtrar os resultados para que os gráficos mostrem apenas as informações de determinados partidos e cargos.
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Edição: Flávia Quirino