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Viva o dia das professoras e dos professores!

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"Nunca tivemos medo de lutar e não será agora, que nossa ação é tão necessária, que iremos nos intimidar." - Foto: Sinpro DF
A força que temos vem da beleza do nosso trabalho e da esperança no amanhã

Certa vez, o educador, teólogo e escritor Rubem Alves comparou a Educação à música "A Banda", de Chico Buarque. Ele lembra que cada personagem da música vivia ensimesmado, envolvido puramente com sonhos individuais, mas quando a banda passa e toca coisas tão bonitas, todos se envolvem no mesmo sonho coletivo. Alves acredita que é assim que eles se tornam um povo, e não mais um somatório de indivíduos. Para ele, a Educação tem esse mesmo poder: dela é que surge um povo.

É uma linda metáfora que trata da realidade do nosso trabalho, de professores e professoras. Nas salas de aula, socializamos conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade, o que faz de nós importantes agentes da democracia. Apresentamos as referências éticas e morais necessárias à formação de cidadãos e cidadãs conscientes, que prezem pela gentileza e por justiça, que respeitem as diferenças e busquem ser sempre a melhor versão de si mesmos.

Sinto muito orgulho de ser professora da nossa categoria há 28 anos, que, além da beleza do ofício, construiu um legado de lutas que marca a história do DF e do Brasil. Nunca tivemos medo de defender e proteger nossos direitos, nossos colegas, nossas escolas, nossos estudantes. Colecionamos belas conquistas e estivemos sempre juntos também nos maus momentos, porque tão importante quanto a vitória é olharmos para o lado e sempre encontrarmos uns aos outros. Estamos e estaremos sempre juntos, pertencendo e construindo o mesmo processo coletivo.

Enfrentamos um dos piores momentos de nossas vidas com a pandemia da covid-19. Sentimos medo, muitos perdemos familiares e amigos queridos, inclusive colegas. Tornou-se clichê afirmar que tivemos que nos reinventar, mas foi exatamente o que aconteceu. Adaptar-se a uma realidade nova, desenvolver habilidades que não tínhamos, adequar-se a novas metodologias e à mediação das novas tecnologias e ferramentas para a transmissão de conteúdos. Trabalhamos dobrado ou triplicado, e tivemos que suportar a injustiça de nos acusarem do contrário.

Felizmente, no que se refere à pandemia, o pior passou. Mas o país ainda vive um momento muito triste, com a Educação sob ataque, milhões em situação de miséria, desmonte do serviço público. Agora é hora de olhar para frente, e seguirmos juntos para defender nossa carreira, nosso trabalho, nossa escola e nossos estudantes dos ataques daqueles que transformaram a Educação em inimiga e puseram os professores(as) sob permanente suspeita. Por tudo isso, o desafio maior será o de defender o caráter público da educação.

Nunca tivemos medo de lutar e não será agora, que nossa ação é tão necessária, que iremos nos intimidar. A força que temos vem da beleza do nosso trabalho e da esperança no amanhã: da Educação nasce um povo.

Feliz dia do professor e da professora!

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*Luciana Custódio é professora da rede pública de ensino do DF e diretora do Sinpro-DF

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.

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Edição: Flávia Quirino