Desde sábado (21), o Cine Brasília é palco do 14º LoboFest - Festival Internacional de Filmes. Serão exibidos, em mostra competitiva, 80 curtas-metragens produzidos nos cinco continentes durante 2021 e 2022 e escolhidos dentre 3500 inscritos. O Festival tem entrada gratuita e conta, também, com programação infantil, além de uma sessão especial para crianças no espectro autista, intitulada “Lobo Azul”.
A edição de 2022, que se encerra no próximo sábado (29), tem como tema “Pra não Esquecer”, inspirado em um conto de autoria de Clarice Lispector, e homenageia o cineasta brasileiro João Paulo Miranda Maria, diretor de 3 curtas-metragens com grande projeção em premiações internacionais, como os Festivais de Cannes, de Veneza e de Berlim.
“É um jovem cineasta brasileiro que fala do interior do Brasil, dessa vida cotidiana do Brasil profundo de uma maneira muito peculiar. Nós fizemos essa homenagem porque nós trabalhamos muito com a memória, mas também com o cinema do presente. O cinema do presente também está impregnado de memória”, conta Ulisses Freitas, curador do LoboFest.
“Essa edição do LoboFest é permeada pelo tema da memória e para isso, procuramos trazer filmes que retratam os ‘dramas da vida’. Como se o Festival fosse um retrato do mundo com seus lugares, diferenças, línguas e jeito de ser”, explica Josiane Osório, curadora e idealizadora do Festival. Segundo ela, desde o início do evento, já foram realizadas 15 sessões de exibição de curtas, com público de mais de 2.000 pessoas.
A mostra traz curtas produzidos em todos os cantos do mundo, em países como França, Suécia, Cuba, Cazaquistão, Eslovênia, Colômbia, Camboja, México, Alemanha, Coréia do Sul e Indonésia, entre outros. Há também um grande número de filmes feitos no continente africano, como “L`Escale”, do Congo, “The Precious Stone”, do Senegal, “Al-Sit” do Sudão e “A Better Friend” de Gana.
A presença de curtas dirigidos por mulheres é igualmente marcante. “A Vida sexual da minha Avó”, produzido pela diretora eslovênia Urška Djukić, abriu a mostra no dia 22. Além disso, filmes que abordam a questão LGBTQI+ também estão na programação, com “Dancing Colors”, de M. Reza Fahriyansyah, da Indonésia, e o francês “A Bela e a Fera”, do diretor Mathieu Morel.
Além da temática da memória, Ulisses Freitas conta que a juventude também foi um tema recorrente nas produções selecionadas para o Festival. "Estamos trabalhando a memória. E coincidentemente temos muito filme sobre jovens. Muitos dos 80 filmes selecionados, seja da África, da Ásia, da Oceania, da América, da Europa, estão falando de juventude. Que mundo é esse que o jovem está encontrando? Quais desafios são esses que os jovens estão encontrando no mundo?", explica.
Dentre os destaques do Festival, está o curta “Andrômeda”, de Lucas Gesser, filmado em Brasília, que aborda a nostalgia atrelada a uma certa falta de perspectiva de futuro, comuns ao chamado capitalismo tardio, a partir da história de amor mal resolvida de um jovem casal.
“Acho que Andrômeda tem sim uma certa atmosfera que o público da cidade vai se identificar, mas é um filme que não retrata os lugares mais estereotipicamente associados a Brasília, ele explora alguns cantos da cidade que geralmente não são retratados. A gente tem algumas cenas filmadas em Águas Claras, no Guará. Então, são lugares que se passam por uma cidade brasileira, com determinado tipo de disposição imobiliária, que a gente vê em Brasília, mas que poderiam ser em outras cidades brasileiras também”, explica Lucas Gesser.
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“Agora uma relação muito importante que o filme tem com a cidade, de bastidores, é o fato de ter sido rodado com os recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), que é um edital da Secretaria de Cultura do DF, importantíssimo para a cena audiovisual e cultural do DF. O curta só existe graças a esse edital, que devemos valorizar bastante, pois existem poucos como ele no Brasil no momento”, evidencia o diretor.
A programação infantil do LoboFest acontece nos dias 23 (domingo) e 29 (sábado), em sessões chamadas “Jardim Secreto”. “Clair de Lune” é um dos curtas que serão exibidos no sábado (29). De origem italiana, o filme de 6 minutos trata de almas invisíveis da natureza escondidas em uma floresta cada vez mais ameaçada pela atividade humana que, em uma noite de lua cheia, cometem um ato de desespero para sobreviver.
A sessão “Lobo Azul”, pensada especialmente para crianças no espectro autista, também acontece no sábado (29). As salas são preparadas, com som mais baixo e iluminação à meia luz, para o conforto das crianças, e os curtas são criteriosamente selecionados para deixá-las à vontade.
Confira a programação completa:
Data: 22 a 29 de outubro
Local: Cine Brasília – Entrequadra Sul 106/107
Entrada gratuita
Acesse aqui a programação completa e a classificação indicativa
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Edição: Flávia Quirino