A manipulação de elementos religiosos em prol da política, especialmente neste segundo turno da eleição presidencial, fez com que alas progressistas de vertentes evangélicas diversas se unissem em uma frente ampla para desmascarar as fake news que invadiram igrejas, rodas de conversa e grupos de mensagens dos cristãos evangélicos.
A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito no DF utiliza meios de comunicação e a conversa direta com irmãos na igreja para esclarecer fatos. “Antes da campanha, ainda no ano passado, começamos com um programa de rádio, parecido com um podcast, para conversar com os irmãos e esclarecer coisas que são faladas nos púlpitos e que são mentirosas”, explica Gabriel Sales, coordenador da campanha.
“O púlpito virou local de política e não do sagrado, em várias igrejas. Os pastores fazem arminha com as mãos, contam mentiras e se esqueceram que servem a Jesus. Eles trocaram o Messias, filho de Deus, por um outro falso messias”, completa Sales.
O coordenador da campanha explica que, para além da campanha política, o principal objetivo da Frente é explicar aos cristãos evangélicos quanto às notícias e informações divulgadas, principalmente na campanha eleitoral. Para isso, o grupo utiliza também redes sociais, grupos de mensagens e encontros pessoais.
Pânico moral
As mentiras, e fatos contados com requintes de exagero, suscitam entre os fiéis o chamado ‘pânico moral’ – o medo real de que hábitos e costumes que, em tese, contradizem a “palavra de Deus” possam destruir as famílias e tradições cristãs.
“Quem propaga isso são os pastores, porque há uma cultura na maioria das igrejas de que a figura do pastor é um líder super idealizado, quase um santo, e o que é dito por essa pessoa é tido como realidade. Então, esses pastores, contrariando o próprio Evangelho, pregam o caos entre o nosso povo”, analisa Sales.
:: “Meu voto é um voto de liberdade”: fiéis relatam rotina em igrejas com líderes fundamentalistas ::
Estado laico
A Frente também defende a laicidade do Estado Brasileiro – separação entre religião e Estado – e tenta dialogar com os fiéis para esclarecer que um governo livre de interferências religiosas não implica no fechamento de igrejas, proibição de culto ou negação de doutrinas religiosas no país.
O trabalho, conta Gabriel Sales, não é fácil. “O bolsonarismo vem mergulhado no que tem de pior em qualquer religião, que é o fundamentalismo, que obriga a reproduzir comportamentos erráticos. O verdadeiro seguidor do Nazareno não age pela força, violência e ódio. Jesus ensinou paz, amor e acolhimento. A laicidade faz parte do Estado Democrático de Direito e nós da Frente Evangélica, devemos defender a liberdade religiosa e de culto, e entender que somos todos irmãos, mesmo com toda a pluralidade brasileira”, conclui.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::
Edição: Flávia Quirino