Acontece neste sábado (29), às 16 horas, no ‘Caracas, Véi’, o lançamento do livro “A menina que bebeu água de chocalho”, da escritora, professora e produtora cultural Meimei Bastos. O evento terá contação de história, pula-pula e pintura de rosto.
O livro, em formato bilíngue (português-espanhol) e com linguagem não sexista, se propõe a narrar uma história antirracista, antimachista, anticapacitista, antitransfobia, antigordofobia e decolonial. De acordo com a autora, a proposta do livro é de não legitimar a invisibilização e o apagamento de grupos que historicamente foram marginalizados no processo de construção da história e, consequentemente, na escrita, como os povos originários, as mulheres e as pessoas pretas.
“Minha proposta de escrever um livro numa linguagem não sexista, que não reforça esses lugares de gênero, significa romper com uma lógica que existe historicamente. Isso é muito importante e é o que pede o nosso tempo. Nós estamos em um tempo em que racismo, machismo, homofobia, transfobia, gordofobia, nada desses discursos de ódio e excludentes servem mais. A literatura tem que estar nesse movimento que rompe com a lógica colonizadora, apagadora e excludente”, explica a autora.
A ideia de escrever um livro bilíngue, em português-espanhol, também é uma forma de resistir e lutar contra a colonialidade. Segundo Meimei Bastos, o Brasil não consegue se reconhecer dentro do projeto político histórico que é a América Latina, e uma das barreiras impostas é o idioma.
“Trazer um livro em português-espanhol é quebrar esse muro, é romper essa barreira e criar uma ponte. Acredito que isso é um movimento revolucionário que está contribuindo para um processo de cada vez mais nos aproximarmos da nossa identidade latinoamericana”, conta a autora.
Publicado pela “Avá”, editora do Distrito Federal, a obra é o segundo livro de Memei Bastos. Segundo ela, foi muito significativo publicar o livro por uma editora do DF, tocada por uma mulher. “Eu acredito que a gente precisa fortalecer as produções, as editoras, os produtores e os artistas do DF. Então, publicar pela Avá é uma forma de fortalecer e contribuir para essa cena cultural e do mercado editorial do DF. Acho que é muito relevante esse movimento de descentralização, porque geralmente a gente vê as publicações vindo só do Rio e São Paulo, e a ideia aqui é outra: é de fortalecer algo aqui do DF”, explica.
Nauru
“A menina que bebeu água de chocalho” conta a corajosa e surpreendente aventura de uma menina negra que se lança ao desconhecido em busca de respostas. Nauru é uma menina inteligente e questionadora que adora conversar e carrega uma vontade imensa de conhecer e entender todo o mundo que a cerca. No primeiro dia de aula, em uma nova escola, Nauru vai viver uma experiência inesperada e difícil. A partir desta situação, ela tomará decisões importantes e encontrará pessoas que vão acompanhá-la em uma vivência transformadora.
“Eu espero que os caminhos que Nauru constrói e descobre sejam possibilidades para as pessoas que vão ler, especialmente para as pessoas, crianças e jovens negros de periferia. É um livro que homenageia pessoas e escritoras negras, que enaltece e valoriza a nossa ancestralidade. É uma obra que coloca uma personagem negra não nesse lugar do sofrimento, da carência, da criminalização, mas no lugar de quem desbrava e se descobre no mundo de forma muito positiva e com dignidade”, conta Meimei Bastos.
Como adquirir: o livro está em pré-venda pela editora Avá, mais informações no site.
Lançamento “A menina que bebeu água de chocalho”
Sábado, 29 de outubro, às 16 horas
Local: Caracas, véi. EQNL 2/4, Taguatinga.
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Edição: Flávia Quirino