“De margem a margem o rio avança: dissidência sexual e de gênero, raça, etnia e deficiências”. Este é o nome de uma publicação lançada no sábado (29), resultado da parceria entre a Associação Lésbica Feminista de Brasília Coturno de Vênus com a Secretaria da Mulher do Distrito Federal.
A publicação é resultado do projeto "Pesquisa e formação: um olhar voltado para a população LGBTI+” e reúne os temas abordados nessa formação oferecida pela Coturno de Vênus a servidoras e servidores públicos do Distrito Federal sobre direitos humanos LGBTI+ e o enfrentamento à violência contra essas pessoas, além de questões sobre saúde, educação e assistência social voltada para essa população. Outros aspectos sociais, como racismo, machismo, gordofobia e capacitismo, também foram discutidos.
“Esse projeto surge a partir de uma trajetória da Coturno de Vênus de 17 anos de história na defesa de direitos humanos, principalmente de lésbicas e sapatão aqui no DF, com incidência também nacional. Entendemos a importância de ter aliades nesse processo, serviços públicos onde as pessoas LGBTI+ são atendidas e a importância de discutirmos direitos humanos a partir de uma ótica LGBTI+ racializada, pensar em pessoas negras também. Então, pensamos em várias intersecções que são importantes e que são demarcadoras da nossa identidade de resistência e sobrevivência na sociedade”, explica Iara Alves, coordenadora-geral do projeto.
A formação promovida pela Associação aconteceu durante o período de abril e julho deste ano e teve como objetivo capacitar, prioritariamente, pessoas que atuam no serviço público para sensibilizar e promover ferramentas para o acolhimento e escuta sobre as demandas e necessidades dessa minoria.
De acordo com Iara Alves, o projeto foi direcionado para 100 servidores de diversos órgãos do DF, com o objetivo de também ouvir estas pessoas e poder trocar experiências e fortalecer a rede na defesa de direitos.
"E quando pensamos na pedagogia da formação, pensamos vários temas que são fundamentais nessa defesa de direitos, pensamos em legislações, pensamos no movimento negro, pensamos no movimento de mulheres negras, pensamos em gordofobia, capacitismo. Então são várias as pautas que estavam na formação e todas elas foram para a publicação. Foram 20 temas e todos estão na publicação”, afirma Iara.
A publicação reúne 19 artigos com diferentes narrativas escritas e pensadas por especialistas LGBTQIAP+, cerca de 20 pessoas participaram da obra.
“Essa formação e essa publicação foram feitas por pessoas LGBTI+, negras principalmente, mulheres também. Os conteudistas que escreveram essa publicação foram 20, contando com a Coturno de Vênus que fez o texto de abertura e o final, que fala da legislação, fala dos direitos LGBTI+ ao longo do tempo, fala da importância de se discutir. O último texto é direcionado à importância dos dados, uma vez que não temos dados específicos sobre nós; à importância de levantar dados, inclusive para pleitear as políticas públicas”, conclui a coordenadora do projeto.
A publicação é gratuita, direcionada para o público em geral e está disponível no site.
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Edição: Flávia Quirino