Distrito Federal

Cultura popular

Festival São Batuque retoma edição presencial no DF

Edição conta com artistas como Renata Rosa e Awurê, além de oficinas, rodas de debate e exibição de filme 

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Festival São Batuque retoma edição presencial com intensa programação essa semana em diversos pontos do Distrito Federal - Foto: Matheus Alves

Em novembro, durante o mês da Consciência Negra, um dos eventos mais tradicionais da cultura afro-brasileira retoma suas atividades presenciais após dois anos de atividades virtuais por conta da pandemia.

Nos dias 14, 16, 18, 19 e 20 deste mês, a 15ª edição do Festival São Batuque apresenta uma programação que inclui artistas do peso de Renata Rosa e Awurê, oficinas, espaço infantil, ato pela Praça dos Orixás, rodas de debate, exibição de filme, manifestações tradicionais, feiras de artesanato e gastronomia.

"As expectativas são enormes. Tanto a Tamá, minha tia, referência na cidade como compositora, movimentadora cultural e parte da resistência, como a Emília Monteiro, outro referente da música popular brasileira, são inspirações para mim. Participar de um projeto tão importante, com um Boi só de mulheres, é uma honra”, revela a percussionista Larissa Umaytá, integrante da programação do festival.

Territórios

Com realização do Instituto Rosa dos Ventos, e fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, além do apoio da Fundação Palmares, o festival investe na diversidade, característica comum a todas as produções do Circuito Candango de Culturas Populares, do qual faz parte. Não se trata apenas de um encontro com atrações musicais nacionais e internacionais. São várias atividades com distintos propósitos, distribuídas por diversos territórios culturais, para aproximar ainda mais a população de todas as idades de suas raízes profundas.

Entre os espaços, destaca-se a Praça dos Orixás, importante ponto de cultura, ocupado pela Rosa dos Ventos com um calendário anual: Festas das Yabás, Festa das Águas e São Batuque.

O São Batuque 2022 apresenta quatro atividades formativas com inscrições via formulário na internet: Oficina de Ervas com Babá Felipe de Logun Edé, Oficina de Dança Cigana com Grupo Alma Cigana,  Oficina Aguaria – Agbelas e Sereiada – com Gio Paglia e Júnia Cascaes e, por fim, Oficina de percussão com o artista nigeriano Ìdòwú Akínrúlí.

O encontro oferece ainda um bate-papo com Mestras e Mestres das Culturas Tradicionais de Terreiro, além de uma Roda à Ancestralidade com Yás do Distrito Federal e a exibição do documentário Terras Diversas.

Haverá também uma atividade sagrada de celebração: Toque para Exú com o Coletivo de Yás – um ponto de encontro entre apresentações de artistas, que conta, inclusive, com o relançamento do disco Exú Monumental de Seu Estrelo.

“Laroyê! Exu é o mediador entre os mundos, quem possibilita o convívio fecundo entre as diferenças. Ele é o homenageado do São Batuque este ano. Sempre é tempo de reencantar o mundo. De transformar o grande terreiro Brasil em algo único e imenso. É tempo de ocupar a Praça dos Orixás com seu poder de cantar o sagrado”, celebra Renata Rosa, uma das grandes atrações do festival.

Além dessa atividade, está previsto o Ato pela Praça dos Orixás com Filhos de Axé. E para as crianças, haverá o Espaço Erê com Contação de História e Roda de Capoeira Infantil com o Coletivo Marias Chuás. Já para todos os públicos, apresentações artísticas locais como Sambadeiras de Roda (grupo composto somente por mulheres), Filhos de Dona Maria, Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, bem como nacionais: Renata Rosa convidando a Josy Caldas e Ogãn Helder Amendoim.

Consciência Negra

E para fazer jus a um dos meses mais importantes do calendário anual, o festival São Batuque dedicou a programação do dia 20 de novembro especialmente ao Mês da Consciência Negra com artistas do DF. A programação conta com apresentação do Bumba Maria Meu Boi com participação de Larissa Umaytá e Emília Monteiro; Zenga Baque Angola; Samba Candango de Breno Alves convidando Mestra Martinha, Mestre Gilvan, Mestra Tamá e Teresa Lopes – e, diretamente do Rio de Janeiro, a atração nacional Awurê.

Além disso, a população presente também poderá desfrutar das tradicionais feiras de artesanato e gastronômica.

“É a primeira do Awurê no DF e para nós é muito importante estar na Praça dos Orixás, falando de Exú. Estamos levando nosso show Encruzilhadas, que fala de Exú e quebra esse mito de associá-lo ao demônio. Então, mostramos quem é esse Orixá tão próximo da existência humana, convocando o povo de Axé a estar na praça conosco”, relata Fabíola Machado, integrante do grupo.

Agentes Culturais

Em paralelo ao festival presencial, a Rosa dos Ventos aproveita a oportunidade para realizar um importante chamado à comunidade de agentes culturais e a prestadores de serviço do mercado criativo do Distrito Federal. O instituto convoca, especialmente aquela faixa que tem afinidade com manifestações de matrizes afro-brasileiras, a inscrever-se e incluir seus portfólios no formulário disponível em sua página.

A proposta visa evidenciar uma rede de agentes, prestadores, artistas e  grupos que contribuem para o cenário cultural do DF e do mundo. A ideia é que seus trabalhos e contatos sejam facilmente encontrados pela plataforma, propiciando suas contratações por qualquer entidade interessada. 

Tradições na tela grande

O Festival São Batuque inclui ainda a exibição do documentário "Terras Diversas". Com direção de Stéffanie Oliveira, presidente da Rosa dos Ventos, a produção audiovisual, um média-metragem de 39 minutos, documenta relatos de mestras e mestres de distintas manifestações populares brasilienses, a respeito de terra, tradição e cultura. Seu Estrelo, Bumba Maria Meu Boi, Boi de Seu Teodoro, Ilê Axé Oyá Bagan, Martinha do Coco, Gabi Guedes, Mestre Manoelzinho, entre outros, estão presentes na obra.

“Muitas candangas e candangos trouxeram em suas matulas a arte e a cultura de onde vieram para fundar essa Terra Diversa que é Brasília. Todos esses chãos do Brasil juntaram-se para formar as tradições populares daqui. Com isso, sagrado e profano, de mãos dadas, formaram territórios culturais nesse Cerrado maravilhoso. E, sem nunca parar de construir cidades dentro da cidade, seus mestres e mestras, seguem lutando para manter seu terreiro produtor de cultura. Isso é um pouco do que encontramos nesse documentário gestado e parido a muitas mãos, como Brasília”, explica Stéffanie

Confira a programação do Festival São Batuque 2022

Segunda – 14/11 – Abertura Laroyê!

19h – Oficina de Ervas com Babá Felipe de Logun Edé.

Local: Terreiro Ilê Asè Ofà Wurà – Quadra 14, casa 40, Etapa E, Valparaíso de Goiás-GO.

Quarta – 16/11

19h – Oficina de Dança Cigana com Grupo Alma Cigana

Local: Templo Rosa Branca de Yá Cícera de Oxum – QR 523 Conjunto 03 Casa 08 - Samambaia Sul, Brasília - DF.

Sexta – 18/11 – Lançamento do Documentário Terras Diversas

18h – Roda à Ancestralidade com Yás do DF.

18h20 – Bate-papo com Mestres e Mestras das culturas tradicionais de terreiro.

19h – Exibição do Filme Terras Diversas.

20h – Coffee Break.

Local: Espaço Cultural Renato Russo – 508 Sul.

Sábado  – 19 de novembro

10h – Atividade sagrada: Toque para Exu com o Coletivo de Yás (DF)

11h – Ato pela praça dos Orixás com Filhos de Terreiro (DF)

16h – Oficina de percussão Ìdòwú Akínrúlí (NG)

16h – Espaço Erê - Contação de História com o Coletivo Marias Chuás (DF)

17h –  Roda de Capoeira Infantil (DF)

18h – Bumba Maria Meu Boi com participação de Larissa Umaytá e Emília Monteiro (DF)20h – Filhos de Dona Maria (DF)

21h – Seu Estrelo (DF)

22h – Renata Rosa convida Josy Caldas e Ogãn Helder Amendoin (PE)

Domingo 20 de novembro

16h – Oficina Aguaria - Agbelas e Sereiada (DF)

16h – Espaço Erê - Contação de História com o Coletivo Marias Chuás (DF)

17h –  Roda de Coco Infantil com Mestra Martinha  (DF)

18h – Sambadeiras de Roda (DF)

19h – Zenga Baque Angola (DF)

20h – Samba Candango - Breno Alves convida: Mestra Martinha, Mestre Gilvan e Mestra Tamá, Teresa Lopes (DF).

21h – Awurê (RJ)

*Durante todo o festival haverá Feira Gastronômica e Feira de Artesanato.

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Edição: Flávia Quirino