Distrito Federal

Audiovisual

Festival Recanto do Cinema começa nesta quarta (30)

Em sua 3ª edição evento debate "Futuros Imagináveis e a reorganização do sensível”

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Mais de 500 filmes foram inscritos para a Mostra Competitiva, 17 foram selecionados; programação é gratuita - Divulgação

Com o tema como "Futuros imagináveis e reorganização do sensível", a 3ª edição do Festival Recanto do Cinema – Audiovisual na Periferia começa nesta quarta-feira (30) e vai até o dia 4 de dezembro. O objetivo é exibir filmes de curta-metragem insurgentes da produção contemporânea de forma a fissurar os modos de ser e ver da sociedade. 

Depois da última edição ter sido remota, o evento volta a ser presencial, ocupando o auditório e demais espaços do campus Recanto das Emas do Instituo Federal de Brasília (IFB) e com disponibilização das mostras online. O Festival tem caráter pedagógico, cultural, de pesquisa, ensino e extensão em cinema e audiovisual, com atenção às subjetividades das periferias brasileiras.

A programação do Festival é composta por duas mostras, uma competitiva de curtas-metragens brasileiros e outra de especiais. Além disso, terá práticas formativas e artísticas, como debates, oficinas, encontros com realizadores e profissionais do setor, e ainda apresentações artísticas na programação do Lab Recanto.

O professor do IFB e diretor-geral do Festival Recando do Cinema – Audiovisual na Periferia, Allex Medrado, afirma que este nome vem do fato de o grande recorte do evento ser o audiovisual nas periferias e seu objetivo é ser uma tela de exibição de filmes periféricos do país todo. “Pensamos em cinemas de território, cinemas onde corpos, imagens e toda uma realização audiovisual é subalternizada, digamos assim, ela é periferizada. São filmes de realizadores do país todo que não vão encontrar grandes telas para exibirem seus trabalhos. Então, temos esse recorte, o cuidado de pensar a curadoria, de pensar esses filmes periféricos, e periféricos não no sentido só do território, mas como eu disse, periféricos das suas subjetividades, dos seus corpos, dos seus pensamentos. Essa é a grande importância do nosso festival”.

Medrado explica ainda que o tema do Festival surge da necessidade de se pensar para além das produções audiovisuais hegemônicas e de garantir a inclusão e identificação social nas obras.

“É pensar outros mundos, outros cinemas, outras realidades que reorganizem o que está posto hegemonicamente. Então, como esses filmes que dizem muito de cada um de nós, de pessoas que estudam e moram em periferias, querem mostrar para o mundo e querem reorganizar? Ou seja, não é assim dessa forma (hegemônica), é de outras formas. Não só tem uma história única, uma fala única, um pensamento único, existem várias outras formas”, destacou.

Referência

A abertura do Festival inicia às 18 horas com a exibição do filme "Mato Seco em Chamas", o novo longa-metragem do cineasta ceilandense Adirley Queirós, codirigido com a portuguesa Joana Pimenta. Híbrido de documentário e ficção, o filme foi premiado nacional e internacionalmente narra a história de um grupo de mulheres que se apossa do petróleo que abunda no subsolo e passa a comandar toda uma rede de comércio ilegal do produto em uma favela do Distrito Federal, mais precisamente no Sol Nascente, a periferia da periferia da capital do país.

“É muito representativo para nós que a abertura do Festival tenha o Adirley Queirós, mostrando o seu mais recente filme, que é o Mato Seco em Chamas. Ele é o nosso principal mestre, um realizador que é respeitado mundialmente, ganha prêmios mundialmente e é da Ceilândia. Então, para nós é muito importante estabelecer essa ponte também, dessa produção audiovisual periférica do Distrito Federal”, frisa Allex Medrado.

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Na quinta-feira (1), às 16 horas, o cineasta Adirley Queirós participa da mesa de debate "Imaginando outros cinemas", ao lado dos realizadores Mayara Santana (PE) e Vinicius Silva (SP), para discutir como outros possíveis modos de fazer cinema podem repercutir nas bases sociais.

Este ano o Festival é realizado em parceria com o Programa Jovem de Expressão, coletivo que reúne diversas práticas sociais e culturais de emancipação da juventude desde 2007.

Mostras Competitivas e Especiais 

Foram mais de 500 filmes inscritos para a Mostra Competitiva, dos quais 17 foram selecionados pela equipe de curadoria composta por Hudson Peixoto, Jaqueline Cardoso, Leandra Leandro, Lenilson Silva, Naiara Rocha, Marcus Souza, Suellen Batista e Tiago Lopes.

Os filmes serão exibidos entre 1º e 3 de dezembro, divididos em quatro sessões temáticas diferentes: Futuros imagináveis, Pertencer é preciso, Corpos em movimento, Universos em expansão.

As mostras especiais contam com curadoria dos professores Arthur Senra, Patrícia Barcelos e Pedro B. Garcia, do Instituto Federal de Brasília. São 16 filmes realizados em contexto estudantil pelos estudantes dos cursos do IFB, do campus Recanto das Emas, e que também estão divididos em quatro temáticas: "Memórias Vivas", com filmes realizados pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio Técnico em Produção de Áudio e Vídeo; "Resistir e Reagir", com filmes de estudantes egressos do curso técnico subsequente em Produção de Áudio e Vídeo do IFB; "Primeiro Corte", com filmes de estudantes que encerram o curso neste segundo semestre de 2022 e "Pequeno Grande Olhar", que projeta filmes para o público infantil com o intuito de despertar o sonho e experienciar a vida por outros prismas.

Formação


Atividades formativas iniciam na quinta (1º) e vai até domingo (4) / Divulgação

As práticas formativas e artísticas serão do Festival serão realizadas no Seminário Núcleo de Produção Digital (NPD) de cinema independente. O NPD é o braço da formação e da produção regionalizada dentre as políticas públicas da Secretaria do Audiovisual, que promove debates, oficinas e encontros com pessoas convidadas.

Na quinta (1º) a programação das atividades formativas conta com oficina de produção audiovisual para Tiktok com as influencers Stephany Mesquita e Carlla Pinheiro. Na sexta-feira (2) acontece a oficina Entendendo o FAC, com o professor Pedro Garcia, para auxiliar a para auxiliar a elaboração de projetos para editais da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF. Já no sábado (3), às 14h, a diretora de arte Denise Vieira ministrará a oficina "Arquitetar cinemas, imaginar cidades", que usará projetos de curtas para dialogar sobre concepção geral da arte com a equipe.

Ainda no sábado também acontece um encontro com realizadores independentes para pensar a cadeia produtiva do DF. O evento é aberto para que cineclubistas, realizadores de cinema, técnicos, produtores de festivais, videomakers, distribuidores troquem ideias sobre outros modos de fazer cinema, que amplie e crie uma rede produtiva e reflexiva no que tange a cultura audiovisual.

Já no domingo (4), às 15h, os realizadores Nathalya Brum, Marcelo Vinicius, Calcifer Zecaiê e Ramona Onijá da Silva debaterão sobre cinema, juventude e o direito à cidade. O festival contará ainda com apresentações musicais de Medx Musiek, Banda Dublu, Adriel Higino e DJ Savana. Além disso, terá palco aberto para apresentações artísticas curtas, feira de artesanato com artistas locais, exposições e muito mais. 

O Festival é gratuito e a programação completa está disponível no site.

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Edição: Flávia Quirino