O mundo estava com saudade do Brasil. Do Brasil do Futuro.
Passado o pesadelo Bolsonaro, o Brasil volta ao século 21. E o futuro é promissor se o país souber aproveitar as oportunidades da transição energética e das novas tecnologias verdes. O Brasil do futuro pode ser a vanguarda tropical no desenvolvimento sustentável. Ao menos disposição para esse novo rumo, o governo Lula 3 parece ter.
É importante lembrar que a concepção de desenvolvimento dos antigos governos petistas não incorporava a sustentabilidade como um elemento transversal. O debate existia no partido, mas não era uma posição majoritária.
A sustentabilidade era vista como um setor, uma política menor para compensação das contradições do próprio desenvolvimento. Não só Belo Monte, aqui falo de outras grandes obras de infraestrutura, da atuação da Petrobrás, do planejamento estratégico das políticas públicas e das empresas estatais.
Mas vamos voltar ao presente. A autocrítica aconteceu na esquerda.
O novo governo petista, em frente ampla com alguns setores do liberalismo, já destravou em tempo recorde investimentos para a Amazônia. Bilhões de reais foram anunciados pelo primeiro ministro da Noruega no dia seguinte à vitória de Lula. E isso é só o começo.
O Brasil pode atrair um enorme volume de investimentos internacionais, não só para projetos a fundo perdido (como o Fundo Amazônia) e ações de compensação, mas para as novas oportunidades da economia verde.
Entre as muitas e novas possibilidades para a construção de um Green New Deal brasileiro, temos a transição energética com o fortalecimento das usinas eólicas e solares; temos o combustível do futuro: hidrogênio verde; a produção de baterias para veículos através do lítio brasileiro; o desenvolvimento da agricultura de baixo carbono; a agregação de valor em cadeias produtivas de alimentos e farmacos na Amazônia; e o financiamento da indústria 4.0 na região Norte.
Claro, os desafios são enormes, assim como as oportunidades. Por exemplo, a Amazônia legal pode captar um volume de recursos internacionais e nacionais para o desenvolvimento sustentável sem precedentes na história, mas as dificuldades de infraestrutura e os governos estaduais eleitos alinhados com o bolsonarismo podem travar todas essas expectativas.
Migrar do "New Deal" dos anos 2000, para um "Green New Deal'' do século 21, não será uma tarefa fácil. Não é uma tarefa exclusiva do Estado, mas uma responsabilidade das empresas e da sociedade civil organizada. Estando aberto ao diálogo, o novo governo pode ser a ponte que faltava para articular investimentos e parcerias.
E vamos ser sinceros, o mundo estava com saudade do Brasil. Do Brasil do Futuro. O Brasil de Bolsonaro, da elite do atraso, do passado colonial e escravista, que volte para o esgoto da história.
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*Diego Ruas é escritor, designer e engenheiro florestal.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Flávia Quirino