Diante da incapacidade do governo em garantir a segurança alimentar da população, os movimentos sociais se organizam para tentar sanar a necessidade de quem tem fome. As ações solidárias, especialmente em datas especiais como o Natal, já são tradicionais, mas tiveram sua importância intensificada com o aumento da miséria durante o governo Bolsonaro.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan), pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) com dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a fome atinge atualmente mais de 30 milhões de pessoas no país.
Ainda segundo a pesquisa, o Distrito Federal apresenta o segundo pior resultado entre os estados do Centro-Oeste, com cerca de 13,1% da população em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, sem comida no prato.
Além disso, cerca 19,1% da população que vive no DF sofre com insegurança alimentar moderada. Esse quadro é caracterizado pela Rede PENSSAN como aquele em que há uma redução quantitativa de alimentos ou ruptura nos padrões de alimentação resultante de falta de alimentos.
Quando se soma a população que passa fome com a que vive numa situação de insegurança alimentar moderada, o percentual vai a 32,2%, o que dá aproximadamente 969,5 mil pessoas, ou seja, mais de um terço da população da capital.
Conheça iniciativas de ações solidárias que buscam tornar o fim de ano das pessoas em vulnerabilidade social no DF um pouco mais leve e acolhedor.
Cozinha Solidária
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) mantém atualmente 31 Cozinhas Solidárias funcionando em todo o país, incluindo duas no Distrito Federal, a Cozinha Solidária do Sol Nascente e outra em Planaltina.
As Cozinhas funcionam todos os dias distribuindo almoço grátis para as famílias das periferias dos centros urbanos do país. Além disso, estas cozinhas também são espaço de acolhimento e formação. Oferecem atendimento jurídico e psicológico, além de organizarem saraus, cursos de alfabetização para adultos e rodas de conversa. O projeto conta com professoras e formadoras voluntárias que ajudam na profissionalização, empregabilidade e geração de renda para pessoas da base do movimento.
De acordo com o MTST, as 31 Cozinhas Solidárias espalhadas pelo Brasil são responsáveis por distribuir 130 mil refeições por mês. Além disso, durante este ano, já distribuíram mais de 700 toneladas de alimentos. “Queremos que todas as famílias das periferias tenham o direito à alimentação saudável e nutricional. Num momento de pandemia e crise, a distribuição de refeições prontas beneficia diretamente mulheres, crianças e idosos”.
Durante o mês de dezembro, acontece o Natal Solidário das Cozinhas do MTST, com o objetivo de garantir a Ceia de Natal de milhares de famílias.
A compra de alimentos, de materiais de limpeza e o custeio do processo de formação das trabalhadoras das Cozinhas são mantidos essencialmente com doações. Para ajudar, você pode adotar uma Cozinha Solidária ou fazer uma doação clicando aqui.
“Nossa ação coletiva é para que o direito à alimentação saudável e nutricional esteja assegurado para toda a população! Queremos que as Cozinhas Solidárias sejam um espaço de alimentar o corpo, mas que também consiga disputar valores na sociedade trazendo a solidariedade entre nós!”, afirma o movimento.
Natal sem Fome
O Instituto Afropoder, em parceria com a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito - DF, está organizando a ação solidária “Natal sem Fome”, que visa arrecadar alimentos, brinquedos e itens de higiene pessoal para as famílias em vulnerabilidade social do território Monjolo, no Recanto das Emas.
De acordo com Jonathan Santiago, presidente do Instituto Afropoder, a ação solidária de Natal será o primeiro contato com a comunidade Monjolo, até então desassistida.
“Esse é o primeiro contato que vamos fazer a fim de conhecer a comunidade, as necessidades dessa comunidade, saber quais são as principais demandas. E aproveitar esse período de natal para fazer essa aproximação, levando alimentos, levando o chocolate para as crianças, fazendo um lanche coletivo para compartilharmos todos nós desse momento de aproximação, tanto com a comunidade, quanto com as pessoas envolvidas nessa ação”, explicou.
A ação será realizada neste sábado (17). Para ajudar, você pode fazer uma doação através do pix do Instituto Afropoder (CNPJ 35.138.015/0001-17). Se prefere levar a doação pessoalmente, participando do lanche coletivo e conhecendo a comunidade, a participação pode ser combinada através do telefone 61 99582-6627.
Projeto Dividir
O Projeto Dividir é uma rede de solidariedade criada no início da pandemia com o objetivo de organizar doações que são repassadas a uma rede de entidades envolvidas em ações sociais no DF, como a distribuição de alimentos. A organização já distribuiu mais de 5 mil cestas básicas e 40 mil marmitas para pessoas em situação de rua, e criou vínculos com muitas pessoas e famílias em vulnerabilidade.
Sofia Gomes cozinha para uma das ações de distribuição de marmita da iniciativa. “O projeto surgiu em março de 2020 junto com o início da pandemia da covid-19, e surgiu com foco na segurança alimentar e nutricional. A gente já conseguiu distribuir mais de 400 mil quilos de alimentos em formato de marmita pra pessoas em situação de rua ou cestas básicas e cestas verdes pra famílias em vulnerabilidade", conta Sofia.
Todo final de ano, o Projeto Dividir organiza uma ação solidária na tentativa de arrecadar cestas básicas e alimentar o maior número de pessoas possível. Este ano, a meta da ONG é arrecadar 100 cestas. Para participar da campanha, você pode deixar sua doação na Objeto Encontrado (cln 102 bloco B loja 56) ou doar em dinheiro através do pix: 6199559-0180.
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Edição: Flávia Quirino