O Diretório Central dos Estudantes (DCE) UnB Honestino Guimarães convoca toda comunidade acadêmica para ato contra transfobia na universidade. A mobilização acontece nesta terça-feira (20), às 12h, em frente ao Restaurante Universitário (RU), e foi motivada por um caso de transfobia que ocorreu no banheiro feminino do RU na última quarta-feira (14). Na ocasião, uma aluna questionou a presença da estudante trans no banheiro e a ofendeu chamando-a por pronome masculino.
“Casos como esse não podem ser tolerados e pessoas trans devem ter toda a estrutura para se sentirem acolhidas e usarem os espaço físicos da universidade sem lidar com atos violentos e transfóbicos”, afirmou o DCE em nota publicada no Instagram.
Segundo Sofia Cartaxo, coordenadora do DCE e militante do Levante Popular da Juventude, o Diretório Central do Estudantes já vem negociando com a Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS) a instalação de mais banheiros neutros na Universidade, que atualmente conta com dois.
“É muito importante, tanto para segurança psicológica, quanto física. A gente sabe como as pessoas trans enfrentam uma dificuldade de poder se manter durante o dia com o mínimo de conforto e qualidade. Então, o ato vem de uma demanda que já é grande e antiga, só que depois desse último caso foi escancarada a necessidade não só da estrutura física, de um banheiro neutro, mas também da segurança e de uma consciência coletiva da importância que é acolher esses corpos", explica
Em nota, a UnB afirmou ser um local “plural e tolerante, que preza pela riqueza e potencialidade da diversidade e pelo respeito às diferenças”. Além disso, informou que uma das estudantes procurou a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Universidade, que prestou o acolhimento necessário, enquanto a outra aluna foi amparada por servidores no local.
Estatísticas
De acordo com o dossiê “Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021”, divulgado em janeiro pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), o Distrito Federal ocupa a 18ª posição no ranking de assassinatos de travestis e transexuais no país.
Os dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apontam, ainda, que os casos de homotransfobia passaram de 7 registros em 2019 para 26 ocorrências em 2020, o que representa alta de 271%.
Entre as ocorrências contra pessoas trans, em 2020, foram registrados um total de 159 crimes na cidade. Dentre eles, 26 casos de ameaças, 24 casos de injúria, 21 de lesão corporal dolosa, 12 casos enquadrados na Lei Maria da Penha, 5 tentativas de homicídio e 1 homicídio consumado.
Ainda de acordo com relatório da PCDF, não foram consideradas as ocorrências registradas pela via da Delegacia Eletrônica, uma vez que nesta modalidade não há opção de campo para preenchimento da identidade de gênero e da orientação de gênero dos envolvidos.
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Edição: Flávia Quirino