Um grupo de moradores do Distrito Federal realizou um ato, na manhã desta sexta-feira (23), para trocar o nome da Ponte Costa e Silva para Honestino Guimarães. A estrutura fica localizada no Lago Sul, região nobre do DF, e conecta o bairro residencial ao centro da cidade, passado sobre o Lago Paranoá.
"Um momento muito representativo e de grande importância para a manutenção da democracia na nossa cidade. Honestino Guimarães foi uma das principais lideranças estudantis de Brasília, sendo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi sequestrado no dia 10 de outubro de 1973 e morto pela ditadura militar", destacou o deputado distrital Leandro Grass (PV), que é o autor do projeto de lei aprovado na Câmara Legislativa do DF que oficializou a mudança de nome. Ele participou do ato de troca simbólica do nome da ponte.
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O projeto de Grass foi promulgado há 10 dias, depois que o veto do governador Ibaneis Rocha (MDB), contra a mudança de nome, foi derrubado pelos parlamentares.
A alteração do nome era uma reivindicação antiga de movimentos de luta pelos direitos humanos no Distrito Federal e tinha como objetivo impedir que a capital do país tivesse monumentos em homenagem a ditadores, como era o caso. Na época da aprovação, no ano passado, Grass destacou que a mudança é uma reparação histórica à memória da cidade.
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Em 2015, a ponte chegou a ter seu nome alterado para Honestino Guimarães, mas a troca foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) justamente por não ter havido uma audiência pública para discutir a proposta na época, o que foi observado desta vez, durante a tramitação da matéria.
Personagens
O estudante Honestino Guimarães entrou na UnB em 1964, no curso de Geologia. Passou em primeiro lugar no vestibular, na época. Em 1968, já na ditadura militar, o campus da UnB foi invadido por forças de segurança do regime para prender Honestino e outros líderes estudantis, que se opunham ao governo de exceção e militavam contra a ditadura. Ele foi preso e torturado. Após ser solto, e por ordens dos militares, foi expulso da UnB e passou a viver na clandestinidade.
Em 1971, Honestino é eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em outubro de 1973, foi preso novamente, dessa vez pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), no Rio de Janeiro após cinco anos de clandestinidade. Após mais essa prisão, ele desapareceu.
Em 1996, o Estado brasileiro reconheceu a responsabilidade por seu desaparecimento. Na ocasião, a família de Guimarães recebeu um atestado de óbito do estudante emitido pela Justiça do Rio de Janeiro, sem mencionar a causa da morte. Em abril de 2014, Honestino Guimarães foi oficialmente anistiado político post mortem pelo governo federal. O Ministério da Justiça determinou a retificação do atestado de óbito para que constasse como causa da morte “atos de violência praticados pelo Estado”.
Já o general Arthur da Costa e Silva foi ditador do Brasil entre 1967 e 1969, e responsável pela aprovação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), no ano de 1968, o mais grave da ditadura militar, que estabeleceu censura, fechou o Congresso, cassou mandatos e abriu caminho para o terrorismo de estado praticado contra opositores, com prisões, torturas e assassinatos de centenas de pessoas.
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Edição: Flávia Quirino