Com 13 obras inéditas, Lucio Piantino comemora no Espaço Renato Russo os 14 anos de carreira como artista plástico. A exposição está aberta ao público até o dia 08 de janeiro com entrada gratuita, das 10h às 20h, de terça-feira a domingo.
As obras entregam ao público a experiência e reflexão sobre a vida e arte de Lucio Piantino que começou a pintar ainda criança e, aos 15 anos, foi o primeiro artista com Trissomia do Cromossomo 21, mais conhecida como Síndrome de Down, a compor o cadastro de artistas plásticos do Distrito Federal.
Segundo Lurdes Danezy, mãe de Lucio, o projeto “Minha Outra Metade” era para ter saído no ano passado, ano em que o artista completaria 13 anos de carreira. “Ele começou a pintar aos 12 anos. Aos 13, fez a primeira exposição. Então, é um marco comemorativo, por isso se chama “Minha outra metade”. Em metade da vida ele era somente uma criança com síndrome de down, na outra, ele é um artista que vem trabalhando e tem feito muitas exposições inclusive no exterior. Ele já fez 5 exposições na Itália, 2 individuais e 3 coletivas”, diz.
A exposição reúne 27 telas, 13 delas inéditas. Tem atendimento focado na acessibilidade e visitas guiadas para pessoas com deficiência auditiva ou visual. Para aqueles que precisarem deste atendimento, é necessário agendamento pelo telefone (61) 99931-7100. O próprio artista também é monitor em sua exposição. Ele recebe pessoalmente cada visitante no horário de 15h até às 20h no Espaço Cultural.
A vida de Lucio é sua própria inspiração. “Gosta de homenagear pessoas, se inspira em filmes que assiste. Por exemplo, nessa exposição tem um quadro inspirado nos grafiteiros Os Gêmeos. Ele é um cara que tem uma vida muito intensa. Vai a muitos lugares e se inspira assim”, relata a mãe, Lurdes.
Trajetória
A família de Lucio Piantino é composta por artistas plásticos. A mãe, Lurdes, conta que, por este motivo, sempre havia em casa o momento da pintura. Desde os 11 meses, o artista tinha contato com os pincéis e tinta.
“Quando tinha 5 anos, ele participou de um evento que o pai fazia. Eram 40 horas de pintura no ateliê. Lá ele pintou o primeiro quadro grande no tamanho 1x1. Nessa época, a gente não valorizou isso. Aos 12 anos, quando ele começou a sofrer muito preconceito e pediu para sair da escola, levei ele para o ateliê e comecei a incentivá-lo na arte. Oficialmente, ele começou a pintar aos 12 anos,” destaca Lurdes.
Lucio superou todos os prognósticos médicos que diziam que ele demoraria para andar e falar. Ele somente teve um atraso na fala, segundo sua mãe, porque tinha 40% de perda auditiva bilateral o que o fez usar aparelho auditivo.
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“Quando a gente tem um filho com diagnóstico de deficiência, qualquer avanço a gente comemora. Lucio possibilitou que eu tivesse várias comemorações ao decorrer desses 27 anos. Sempre aprendeu as coisas com facilidade e tem uma inteligência aguçada. É capaz de coisas que a grande maioria das pessoas não são capazes de fazer. É muito competente. Competências que não foram enxergadas na escola. Hoje ele é artista plástico, ator, dançarino, toca alguns instrumentos de percussão e violão, faz beat box, trabalha como assistente de produção e ainda é monitor. Inclusive, está trabalhando como monitor da própria exposição. Já deu até oficinas para pessoas com deficiência na Itália”, relata.
Novos projetos
Para 2023, o artista plástico se dedicará a peça de teatro que escreveu de nome “Conversas de drag”. O projeto foi aprovado pelo FAC. A peça deve estrear em setembro. O roteiro foi escrito baseado na personalidade drag queen de Lucio que se chama Úrsula Up.
Serviço
Exposição Minha Outra Metade
Até 08 de janeiro de 2023
Horário: das 10h às 20h, de terça-feira a domingo
Local: Espaço Cultural Renato Russo, 508 sul
Entrada franca
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Edição: Flávia Quirino