Distrito Federal

Golpismo

Editorial | Não há margem para o inaceitável

É necessário um basta! Se não conseguirmos dar uma resposta a altura dos ocorridos, viveremos um caos. 

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Golpistas invadem Congresso Nacional - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Não é de hoje que o Brasil admitiu conviver e ser permissivo com a violência. O que vimos neste domingo (8) na Esplanada dos Ministérios (Congresso Nacional, STF e Palácio do Planalto), na capital federal, é o símbolo desta política e uma amostra viralizada do que acontece há tempos. Se o conteúdo é o mesmo, a forma mudou.

Desde 07 de Setembro de 2021, quando caminhoneiros “romperam” a barreira policial e atacaram o STF, tivemos a primeira demonstração de como seria a resposta da PMDF e da Secretaria de Segurança Pública em relação às manifestações golpistas. No dia 12 de dezembro de 2022, se repetiu a omissão das forças de segurança pública diante da tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, do ataque aos ônibus, carros particulares e a falta de responsabilização deu aval para que novas ações, como as que ocorreram neste domingo (8), pudessem acontecer.

É evidente a diferença do tratamento dado às manifestações que reagiam pacificamente contra o impeachment e a reforma trabalhista, por exemplo, e dos golpistas que  incitam a animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constitucionais e pregam a deposição do governo eleito com violência e grave ameaça a sua gestão. 

Por isso não causa estranhamento que centenas de bolsonaristas tenham atacado, invadido e depredado as sedes dos Três Poderes com uma inacreditável (e nunca vista) complacência do poder público distrital.

Alguns policiais foram filmados rindo da situação, tirando selfies e sendo bem cordiais. Onde estavam o ex-Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres e o Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha? Não há como alegar que não sabiam o que poderia acontecer, porque desde o trancamento das estradas, que o acampamento de Brasília ganhou centralidade para poder desestabilizar as instituições democráticas e nenhuma ação política do GDF foi realizada para desmobilizar os golpistas.

A impunidade mata, disso sabemos bem! Estamos há quatro anos aumentando o grau de dormência e aceitação com o inaceitável. É necessário um basta! Se não conseguirmos dar uma resposta a altura dos ocorridos, viveremos um caos. 

A resposta a essa ação deve perpassar pela investigação e prisão dos envolvidos em atos contra o Estado democrático de direito - políticos, financiadores, empresários e servidores públicos -, inclusive do Governador do Distrito Federal que demonstrou desde o primeiro dia do seu mandato a conivência com atos golpistas e sua fidelidade ao projeto político do ex-Presidente Bolsonaro; a retirada imediata dos acampamentos bolsonaristas; a execução das multas já previstas para as empresas e pessoas financiadoras; a desarticulação das redes de organização destes eventos; o ressarcimento pelas perdas e danos das ações golpistas. 

Não há margem para permitir novas investidas fascistas.

Caso o Estado Brasileiro não corte na raiz essas movimentações, garanta a ordem pública, perderemos a democracia. E as organizações populares terão dificuldades em ampliar a organização, em disputar a consciência do conjunto dos brasileiros e brasileiras para derrotar o fascismo que emergiu em nossa sociedade.

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Edição: Flávia Quirino